Por Carolina Mandl
SÃO PAULO (Reuters) - A Cielo (SA:CIEL3), maior processadora de cartões do Brasil, disse nesta segunda-feira que aumentou sua participação de mercado no primeiro trimestre pela primeira vez desde meados de 2017, um sinal de que a companhia está reagindo à competição acirrada no mercado de pagamentos do país.
A participação de mercado da Cielo subiu para 41,8 por cento no primeiro trimestre, um ganho de 0,6 ponto percentual em relação ao trimestre anterior, informou a companhia em números confirmados por analistas. Os números trimestrais de market share fizeram da Cielo "o grande vencedor entre os pares", segundo analistas do Santander.
As ações da Cielo estavam entre as principais altas desta segunda-feira, avançando 3,4 por cento às 11h26, enquanto o Ibovespa mostrava valorização de 1,4 por cento.
Os cálculos de participação de mercado levam em consideração os volumes financeiros das maiores processadoras de cartões do país: Cielo, Rede, do Itaú Unibanco (SA:ITUB4), GetNet, do Santander Brasil (SA:SANB11), PagSeguro (NYSE:PAGS), StoneCo e Vero, do Banrisul (SA:BRSR6).
O presidente-executivo da Cielo, Paulo Caffarelli, disse em entrevista por telefone que os ganhos do primeiro trimestre foram consequência do novo modelo de negócios da empresa, que tem como alvo direto os pequenos e médios comerciantes.
O volume financeiro das transações da Cielo atingiu cerca de 156 bilhões de reais no primeiro trimestre, sendo 65 por cento vindo de grandes estabelecimentos comerciais. Dentro da nova estratégia, Caffarelli disse que a Cielo busca ter esse mesmo percentual proveniente de clientes menores no futuro, reduzindo a relevância das grandes contas.
"Apesar da atual guerra de preços, os pequenos comerciantes ainda são mais rentáveis que os grandes", disse o presidente da Cielo. Ele não disse quando o processador de cartões planeja atingir esse objetivo.
O número total de máquinas de leitura de cartões da Cielo cresceu 8 por cento em relação ao trimestre anterior, uma vez que a empresa adicionou novos pequenos empreendedores como vendedores ambulantes como clientes.
Ainda assim, como a empresa relatou anteriormente, seu lucro no primeiro trimestre caiu 45 por cento, para 548,5 milhões de reais, em meio a cortes de preços para combater os concorrentes. "As margens estão mais baixas do que costumavam ser, mas a Cielo pretende manter sua posição de liderança", disse Caffarelli.
Além de preços mais baixos, Caffarelli disse que aumentou em janeiro para 1.700 pessoas a força de vendas focada em pequenos empreendedores ante 700 profissionais. Essas contratações resultaram em mais 1,6 mil novos clientes por dia, número que a empresa espera elevar para 2 mil.
Rede e GetNet, maiores competidores da Cielo, perderam market share no primeiro trimestre, enquanto PagSeguro e StoneCo também ganharam.
A Rede informou em comunicado que está ajustando seu portfólio. A GetNet não comentou o assunto.
Analistas do BTG Pactual (SA:BPAC11) disseram em nota aos clientes que esperam que a Rede e a GetNet reajam, uma vez que já lançaram ofertas mais agressivas em abril.
(Com reportagem adicional de Paula Laier)