Por Ana Julia Mezzadri
Investing.com - A parceria da TIM (SA:TIMP3) com o banco C6 foi um dos assuntos de destaque na teleconferência de resultados que ocorreu nesta quinta-feira (30). Durante a apresentação, os executivos da companhia informaram que será lançada uma nova oferta para o plano pós-pago TIM Black, em que clientes da TIM que pagarem suas faturas pelo C6 ganham gigas extras em seus pacotes de dados.
Ainda em julho, os duas instituições lançaram ofertas conjuntas para clientes do plano controle e do pré-pago, sendo a segunda uma grande aposta para elevar a receita do segmento, que caiu 10,7% no trimestre. Nos termos da oferta, quem realiza a recarga de seu celular por meio do C6 ganha bônus de gigas
Até agora, segundo a companhia, a parceria, que tem como objetivo oferecer mais serviços e aumentar a proposta de valor para os clientes, teve como resultado 200 mil contas abertas no C6, o que também é positivo para a Tim, que além de ter uma participação, no banco recebe uma taxa por cliente ativo encaminhado. Outro destaque é que, ao estimular o pagamento digital, a parceria tem potencial de reduzir o churn.
Por volta das 16h05, as ações da TIM caíam 0,81% na B3, desempenho inferior ao do Ibovespa hoje. O principal índice acionário brasileiro recuava 0,68% a 104.886 pontos.
Pré-pago
O segmento pré-pago sofreu perda de receita no segundo trimestre sobretudo por causa da pandemia. Ainda que tenha começado a ver melhora de desempenho no final do trimestre, com a previsão de que julho seja o segundo melhor mês do ano em recarga de pré-pago, os executivos da companhia põem em dúvida a continuidade desta melhora quando o auxílio emergencial do governo chegar ao fim.
Além da parceria com a C6, a Tim mencionou na conferência que em meados de agosto irá lançar uma nova oferta de pré-pago, não mais baseada no preço por giga, mas na conveniência. Em relação ao pós-pago, a empresa prevê melhora no próximo trimestre, pois irá começar a aplicar aumento de preços, típicos desta época do ano, mas que não puderam ser aplicados antes devido à pandemia.
A pandemia não afetou apenas a receita do segmento pré-pago. A queda nas atividades comerciais, sobretudo, afetou também o setor pós-pago. Outro motivo do impacto foi o fechamento das lojas físicas, das quais hoje 80% já estão abertas, mas funcionando entre 30% a 40% de sua capacidade. A companhia mencionou, durante a apresentação, a forte redução nos custos para enfrentar os impactos deste período.
Planos de aquisição: Oi (SA:OIBR3) e fibra ótica
Entre os planos da companhia para um futuro próximo estão a compra da rede móvel da Oi e a construção de fibra ótica.
Sobre os planos de construção de fibra ótica, a TIM anunciou que irá lançar uma empresa focada neste projeto, dizendo que já assinou mais de 30 acordos de confidencialidade com interessados. Outro ponto de destaque é que a rede será neutra, ou seja, compartilhada. O compartilhamento de infraestrutura, segundo os executivos, é algo que faz muito sentido no Brasil sobretudo por causa do tamanho do país.
Os executivos destacaram ainda a conveniência financeira deste compartilhamento para todas as companhias envolvidas, que poderão utilizar uma rede neutra em vez de construir tudo do zero.
Na conferência, a aquisição da rede móvel da Oi foi descrita como uma ótima oportunidade, mas não uma questão de vida ou morte. Assim, a empresa fez questão de frisar que tem outros caminhos estratégicos possíveis: “É importante demonstrar que no passado fomos capazes de explorar da melhor forma possível as frequências a nossa disposição. Se pudermos adquirir frequências novas seria ótimo, mas não é a única forma de continuar nossa estratégia.”
Reorganização societária
Recentemente, a companhia anunciou o agrupamento de ações de uma subsidiária da Tim Participações, a Tim S.A, que não tinha ações negociadas em bolsa, mas todas suas ações emitidas eram detidas pela holding. Com o agrupamento, cada cem ações da TIM S.A. vão se transformar em apenas uma ação ordinária.
O objetivo, segundo a empresa, é aumentar a eficiência da estrutura corporativa e tributária. Os executivos frisaram que não haverá aumento de capital com essa transação.
Resultado 2T20
A Tim registrou queda de cerca de 24% no lucro líquido ajustado do segundo trimestre ante o mesmo período do ano passado, apesar de forte crescimento na base de clientes de banda larga fixa e manutenção nas linhas pós-pagas de telefonia móvel. O lucro líquido ajustado de 260 milhões de reais, enquanto o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado ficou praticamente estável, a 1,98 bilhão de reais. Um ano antes a empresa contabilizou crédito fiscal de 2,9 bilhões de reais por conta de decisão judicial que excluiu o ICMS da base de cálculo do PIS/Cofins.
A base de clientes banda larga disparou quase 20% no período, para 606 mil, enquanto as linhas pós-pagas de telefonia celular se mantiveram no patamar de 21,3 milhões. Porém, as linhas pré-pagas sofreram queda de 8,7%, para 30,7 milhões. A receita líquida do grupo recuou 6,5%.
A Tim afirmou que percebeu no final do semestre "recuperação do volume de vendas com o retorno da atividade econômica". As vendas de pré-pagos subiram 21,6% em junho ante abril e as de pós-pagos evoluíram 78,3%.
Além disso, suas provisões para inadimplência de clientes (PDD) caíram 15,6% sobre um ano antes. O queda marcou a primeira retração anual nesta linha desde 2017, afirmou a empresa no balanço. Contra os três primeiros meses do ano, a redução foi de 15,8%.
"Em valor absoluto, a PDD retornou aos níveis do final de 2018, totalizando 159 milhões de reais", disse a empresa no resultado.
--Com participação da Reuters