Por Luciano Costa
SÃO PAULO (Reuters) - A comercializadora de eletricidade Focus Energia está negociando a aquisição da hidrelétrica São Roque, em Santa Catarina, um empreendimento controlado pela Nova Engevix que teve as obras paralisadas após um avanço de cerca de 80%, disseram à Reuters duas fontes com conhecimento do assunto.
As conversas estão em estágio avançado, mas o fechamento da operação dependeria de aval da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), uma vez que a usina sofreu significativo atraso no cronograma e está sob risco de ter a outorga revogada pelo regulador, afirmaram as fontes, que falaram sob a condição de anonimato porque as tratativas são sigilosas.
"A Focus tem interesse e está trabalhando para que isso dê certo", disse uma das pessoas, acrescentando que a conclusão da usina ainda deverá demandar um investimento de cerca de 400 milhões de reais.
O projeto já recebeu investimentos de cerca de 500 milhões de reais.
"Ainda é preciso definir alguns pontos, mas eles demonstraram bastante interesse em continuar com a obra", afirmou a segunda fonte.
A usina, que terá uma capacidade instalada de 142 megawatts, teve a concessão licitada pelo governo federal em 2011 e precisaria originalmente iniciar a operação comercial em 2016.
Mas a construção foi paralisada após o envolvimento da então Engevix em fatos apurados por autoridades brasileiras na Operação Lava Jato, que investigou um enorme escândalo de corrupção entre empreiteiras, estatais e partidos políticos no país.
A Nova Engevix, nome que a empresa adotou para tentar se reerguer após o escândalo, afirma em seu site que apesar da paralisação "a obra está sendo continuamente preservada e acompanhada por engenheiros e técnicos especializados".
Procurado, um porta-voz da Focus Energia recusou-se a comentar. A Nova Engevix disse que "não se pronuncia sobre empresas que demonstram interesse na usina São Roque".
A Nova Engevix está há anos buscando um comprador para o empreendimento, sem sucesso até o momento.
A usina havia negociado a produção futura no leilão realizado em 2011, mas esses contratos, com distribuidoras de energia, já foram cancelados após o atraso do projeto, afirmou a segunda fonte.
Assim, caso a negociação seja concluída e aprovada pela Aneel, a Focus Energia precisará buscar compradores para a energia do empreendimento, uma tarefa que será facilitada pelo fato de a empresa ser comercializadora.
A Focus poderia vender energia em leilões promovidos pelo regulador ou no mercado livre de eletricidade, acrescentou a fonte.
Na época da licitação, os investimentos na usina eram avaliados em cerca de 700 milhões de reais.
(Por Luciano Costa)