Por Anna Flávia Rochas
SÃO PAULO (Reuters) - Comercializadoras de energia esperam que o Preço de Liquidação de Diferenças (PLD), que serve de base para o formação de preço de energia em contratos de curto prazo, suba em agosto, diante de um cenário de chuvas escassas que deve se manter pelo menos até meados do mês.
Para a próxima semana, o PLD deve chegar aos 600 reais por megawatt-hora (MWh), segundo representantes das comercializadoras, numa pequena elevação ante a média da semana atual de 581,9 reais por MWh, com tendência de aumentar na semana seguinte se as perspectivas de chuva não se alterarem. No entanto, as estimativas para o comportamento do tempo podem se alterar rapidamente.
"A expectativa nossa é que o PLD fique entre 620 e 640 reais na próxima semana (2 a 8 de agosto). Não tem chuva para os proximos 15 dias", disse o presidente da Bolt Comercializadora, Érico Evaristo.
Mesmo no Sul, onde as chuvas em junho e julho ficaram bem acima das médias históricas para os meses, a expectativa é de redução nas afluências --embora ainda fiquem acima da média, segundo informações divulgadas pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) nesta semana. Nas outras regiões, a tendência para agosto é de chuva abaixo da média.
Diante disso, grande parte das térmicas continuará acionada.
O gerente de regulação da Safira Energia, Fábio Cuberos, vê o PLD para a próxima semana na casa dos 600 reais, leve alta em relação ao atual. "Para a outra semana, aí sim pode subir mais", disse.
A CCEE divulga nesta sexta-feira o PLD para a próxima semana e o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) divulga dados sobre previsão de afluências e geração térmica.
PLD EM ALTA
A situação hidrológica ruim de 2014 até agora tem sido muito pior do que a esperada pelo setor elétrico. No início do ano, a estimativa era de que o PLD médio anual ficasse em cerca de 200 reais por MWh.
Como o PLD tem ficado muito acima disso desde o início do ano, as comercializadoras esperam que a média anual fique acima dos 500 reais por MWh.
"Para as próximas semanas, não tem nenhuma perspectiva de grandes chuvas. O período seco tem operado na média para baixo... No Nordeste, (as afluências) não têm passado de 50 por cento da média e não temos perspectiva de um período úmido para compensar", disse o presidente da Comerc Energia, Cristopher Vlavianos.
Ele espera que o nível dos principais reservatórios das hidrelétricas do país, localizados no Sudeste, diminua a cerca de 15 por cento antes do início do próximo período úmido.
A expectativa de PLD médio da Comerc é de entre 500 e 600 reais, até que venha alguma chuva com o início do próximo período úmido, o que costuma ocorrer entre o fim de outubro e começo de novembro.
Evaristo, da Bolt, estima um PLD médio anual de 664 reais para o Sudeste.
Cuberos, da Safira, lembra que o fenômeno el Niño esperado para este ano tende a ser fraco, não suficiente para elevar o volume de chuvas de forma significativa para as hidrelétricas do Sudeste. "Não vejo o PLD abaixo dos 500 reais neste ano", disse ele.
O alto PLD neste ano tem provocado a redução do consumo de energia por parte da indústria, o que implica na queda da produção.
Segundo dados divulgados pela CCEE nesta semana, foi registrada uma sensível mudança no comportamento dos consumidores livres, grupo do qual fazem parte principalmente as indústrias, que vêm reduzindo o consumo em cerca de 8 por cento desde abril. Isso representa uma redução de 2 por cento de todo o consumo, por conta da alta do PLD neste ano, disse a CCEE.