Por Priscila Jordão
SÃO PAULO (Reuters) - As companhias aéreas brasileiras se mostraram cautelosas nesta terça-feira sobre as perspectivas para o setor, com Gol afirmando durante evento que pode rever para baixo a atual projeção de oferta no mercado doméstico e Azul cancelando voos extras aos Estados Unidos.
Ao mesmo tempo em que o dólar mais alto eleva os custos das companhias aéreas, o setor ainda não se beneficiou como esperado do impacto da queda do preço do petróleo no querosene de aviação.
Além disso, com o fim da alta temporada de viagens após o Carnaval, a demanda corporativa não tem apresentado uma retomada no nível de 2014 diante da fraqueza atual da economia, disse o presidente da Avianca Brasil, José Efromovich.
Com isso, muitas empresas têm optado por fazer promoções para ocupar as aeronaves, embora tenham receita menor.
"Essa receita tem sido em algumas rotas 30, 40, 50 por cento menor do que se praticava antes. Ao longo do tempo, o que haverá é uma acomodação de malha com redução da oferta doméstica", disse o presidente da Gol, Paulo Kakinoff.
O executivo acrescentou que a meta da empresa divulgada no fim do ano passado de capacidade doméstica estável para 2015 pode ser revisada para baixo.
"A projeção é oferta doméstica estável. Esse número pode mudar, e se mudar será para uma redução, tendência que acredito que será a mesma para a indústria como um todo", disse Kakinoff.
"Os níveis de promoção, os níveis de preços atuais, não são suficientes para cobrir os custos dos voos", acrescentou o executivo.
O presidente da Azul, Antonoaldo Neves, disse que ainda não é possível falar em uma tendência de redução de oferta, mas que a empresa decidiu cancelar voos extras em maio para Fort Lauderdale, nos Estados Unidos, por conta da conjuntura mais negativa.
Além disso, a empresa rearranjou de 8 a 10 por cento de sua malha de voos programada para maio para locais de maior demanda.