O Rumble, plataforma de mídia social semelhante ao YouTube lançada no Canadá em 2013, anunciou na 6ª feira (23.dez.2023) que irá desativar seu funcionamento no Brasil. Segundo o criador Chris Pavlovski, a decisão foi tomada por discordâncias com as exigências da Justiça brasileira. O empresário afirmou que vai recorrer das ordens de remoção de usuários e criadores de conteúdo.
“Recentemente, os tribunais brasileiros exigiram que removêssemos certos criadores do Rumble. Como parte da nossa missão de restaurar uma internet livre e aberta, comprometemo-nos a não alterar as metas das nossas políticas de conteúdo. Os usuários com opiniões impopulares são livres para acessar nossa plataforma nos mesmos termos que nossos milhões de outros usuários. Dessa forma, decidimos desabilitar o acesso ao Rumble para usuários no Brasil enquanto contestamos a legalidade das demandas dos tribunais brasileiros”, diz o anúncio de Pavlovski.
Pavlovski se diz “decepcionado” com as decisões judiciais no Brasil. “Esta ação não terá um efeito sobre nosso negócio, mas esperamos que os tribunais brasileiros reconsiderem suas decisões para que possamos restaurar o serviço em breve”.
Ao publicar no X (ex-Twitter) o anúncio sobre a desativação da plataforma no Brasil, Pavlovski disse que não será “intimidado pelas exigências de governos estrangeiros para censurar os criadores do Rumble”.
O Rumble atraiu personalidades da direita brasileira ao mesmo tempo em que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) passou a proferir decisões determinando o bloqueio de perfis em redes sociais tradicionais. Influenciadores como Monark, Rodrigo Constantino e Allan dos Santos passaram a produzir conteúdos na plataforma.
Um relatório financeiro do Rumble sobre seu desempenho em 2022 mostra que a empresa chegou a 71 milhões de usuários ativos até setembro do ano passado. O aumento foi de 97% na comparação com o 3º trimestre de 2021. Eis a íntegra.
O objetivo da rede social é oferecer uma alternativa aos “pequenos criadores de conteúdo [que] rapidamente perderam a prioridade nas plataformas existentes em favor de influenciadores, corporações e grandes marcas”, segundo o próprio Rumble.
Em entrevista ao jornal Washington Post, em novembro de 2020, Chris Pavloski classificou a moderação do conteúdo da empresa como similar às big techs de “10 anos atrás”. Porém, a rede social proíbe conteúdos obsceno, como pornografia, nudez e exploração infantil.
Trumpistas
O Rumble ganhou popularidade em 2020, quando foi realizada a última eleição presidencial nos Estados Unidos. Segundo o jornal canadense The Globe and Mail, a abertura de contas por republicanos apoiadores de Donald Trump começou depois que o então deputado Devin Nunes criou um perfil na plataforma.
O fundador da organização Turning Point USA, Charlie Kirk, levou para o Rumble o seu podcast “The Charlie Kirk Show”. O apoiador de Trump e comentarista Dan Bongino também passou a publicar episódios do seu programa “The Dan Bongino Show” na plataforma. Com isso, conquistou mais de 2,55 milhões de seguidores.
Segundo apuração do Wall Street Journal, o Rumble recebeu financiamento de US$ 500 milhões (R$ 2,6 bilhões na cotação atual) da Narya Capital, empresa de capital de risco fundada por J.D. Vance.
Vance foi de crítico ferrenho a chancelado de Trump. O republicado recebeu apoio do ex-presidente norte-americano na disputa por assento no Senado dos EUA nas eleições de meio de mandato de 2022.