SÃO PAULO (Reuters) - A passagem do controle da CPFL Energia (SA:CPFE3) para as mãos da chinesa State Grid, efetivada no início deste ano, não gerou alterações relevantes nas operações e nem nos negócios da maior empresa de energia elétrica privada do Brasil, disse em teleconferência nesta quinta-feira o presidente da companhia, André Dorf.
A State Grid pagou 14,2 bilhões de reais pelo bloco de controle da CPFL, antes comandada pela empreiteira Camargo Corrêa, que vendeu a empresa para levantar recursos em meio a uma crise financeira disparada por seu envolvimento no escândalo de corrupção investigado pelas autoridades brasileiras na Operação Lava Jato.
"A gente teve alteração na composição do Conselho de Administração, a State Grid agora está representada... e temos alguns executivos (chineses) aqui também. Mas isso não influiu, não alterou em nada a dinâmica da governança da companhia", disse Dorf, após pergunta de uma analista durante apresentação de resultados da CPFL.
"Seguimos no modo 'business as usual'... a companhia segue melhorando seus processos, evoluindo na gestão dos diferentes negócios que compõem seu porfólio e se preparando cada vez mais para enfrentar os desafios que o país todo está enfrentando, e ao mesmo tempo aproveitar as oportunidades que o setor elétrico oferece em todos seus segmentos", adicionou o presidente.
Ele não comentou quais possíveis oportunidades a companhia poderia aproveitar, mas ressaltou que os executivos do grupo seguem "empenhados e evoluindo na gestão" da companhia.
Dorf assumiu o comando da CPFL em julho do ano passado, após a renúncia do presidente Wilson Ferreira Jr., que anunciou em abril a saída da elétrica e posteriormente assumiu o comando da estatal Eletrobras (SA:ELET3).
A CPFL atua em geração, comercialização, distribuição e transmissão de energia, além de possuir negócios de eficiência energética e soluções, entre outros.
CPFL RENOVÁVEIS
O presidente da CPFL Energia ainda disse que a State Grid "está prestando esclarecimentos adicionais" à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) sobre uma oferta para aquisição das ações dos minoritários de sua controlada CPFL Renováveis.
Os minoritários da CPFL Renováveis têm questionado o regulador de mercado sobre o preço proposto pelos chineses para a compra de suas ações, e o caso foi parar na CVM, onde a State Grid agora apresentou seus argumentos.
Com isso, a oferta pelas ações da CPFL Renováveis caminhará em ritmo distinto da que a State Grid apresentou pelas ações restantes da CPFL Energia, com leilão previsto para 30 de novembro.
"Ainda não tivemos o processo aprovado pela CVM para a Renováveis. Os processos se dissociaram... a ofertante está prestando esclarecimentos adicionais à CVM para que possa realizar a oferta da CPFL Renováveis. Os dois processos caminham bem, apesar de timings diferentes", afirmou Dorf.
Ele não estimou um prazo para a oferta.
(Por Luciano Costa)