Por José Roberto Gomes
SÃO PAULO (Reuters) - A gigante de logística e energia Cosan (SA:CSAN3) foi até onde era possível no processo de venda de ativos da Shell na Argentina, de modo que a decisão agora cabe somente à petroleira anglo-holandesa, disse nesta sexta-feira o diretor de Relações com Investidores da companhia, Guilherme Machado.
"A Cosan participou do processo até onde cabia e a decisão está agora nas mãos do vendedor, a Shell", afirmou em teleconferência com analistas e investidores.
A Reuters revelou em agosto do ano passado que a Raízen Combustíveis, joint venture entre Cosan e Shell e uma das principais distribuidoras do Brasil, estava em negociações avançadas para adquirir uma cadeia de postos pertencente à petroleira na Argentina.
O acordo era avaliado em mais de 1 bilhão de dólares.
Em setembro, a Raízen anunciou oficialmente uma proposta vinculante pelos ativos da Shell no país vizinho, mas até agora nenhum negócio foi fechado.
A declaração ocorre um dia após a Cosan reportar vendas de combustíveis no Brasil 4 por cento maiores no quarto trimestre, com as de diesel saltando 9 por cento, devido a uma alta na demanda por parte do setor agrícola.
Subsidiária da Cosan Ltd (SA:CZLT33), listada em Nova York, a Cosan reportou na quinta-feira um lucro líquido de 686,4 milhões de reais no quarto trimestre de 2017, ante 183,3 milhões de reais no mesmo período do ano anterior.
ETANOL FAVORÁVEL
O diretor de RI da Cosan destacou que o cenário é positivo para a demanda e os preços do etanol no mercado brasileiro.
"Temos vista na ponta uma demanda bastante consistente, a preços bastante razoáveis, e temos a percepção de que o suprimento vai ocorrer. Não esperamos impactos no preço", destacou o executivo.
O álcool tem se mostrado mais atrativo após altas tributárias maiores e reajustes frequentes da Petrobras (SA:PETR4) sobre a gasolina, concorrente direto do hidratado, desde meados do ano passando.
Nesta quinta-feira, a União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica) relatou fortes vendas na primeira quinzena de fevereiro.
Machado comentou que a tendência mesmo é a Raízen Energia, braço sucroenergético da Cosan, iniciar a próxima safra, a 2018/19, em abril, alocando maior parcela de cana para a fabricação do biocombustível.
Esse mix mais alcooleiro, por sua vez, deve ter impacto nos preços internacionais do açúcar.
"Pelos fundamentos do mercado, os preços podem ter mais 'upside' do que 'downside'", disse.