A CPFL Energia (SA:CPFE3) arrematou a transmissora de energia gaúcha CEEE-T, após oferecer uma proposta de R$ 2,670 bilhões pelo ativo, um ágio de 57,13% em relação ao pedido inicial de R$ 1,699 bilhão. Essa é a segunda privatização feita pela gestão Eduardo Leite (PSDB) à frente do governo do Rio Grande do Sul.
A abertura de envelopes, ontem, na sede da B3 (SA:B3SA3), em São Paulo, contou com ofertas das empresas Isa Cteep, CL RJ 004, MEZ Energia e Companhia Técnica de Comercialização de Energia e Infraestrutura em Energia Brasil, confirmando o prognóstico de forte competição pelo ativo, que é considerado a joia da coroa entre as estatais gaúchas. O valor final da operação, porém, ficou abaixo dos R$ 3 bilhões esperados pela gestão Leite.
Além da CPFL, outras companhias de grande porte eram cotadas para participar da disputa: ISA Cteep (SA:TRPL4), Taesa (SA:TAEE11), Alupar (SA:ALUP11), CPFL e Eletrosul, além dos fundos de investimentos canadenses Canada Pension Plan Investment Board e o Caisse de dépôt et placement du Québec (CDPQ).
Contudo, o apetite de algumas das participantes foi comprometido pela revisão da Receita Anual Permitida (RAP), pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), na terça-feira. Segundo executivos de uma das potenciais compradoras, ela aconteceu um dia após a entrega de envelopes e reduziu em R$ 200 milhões a previsão de receita da CEEE-T, modificando as avaliações feitas para o leilão. Exemplo disso foi a MEZ Energia, que entregou proposta de R$ 2,035 bilhões, mas não fez lances na fase de propostas a viva-voz.
Com a aquisição, a CPFL passa a deter 66,08% do capital social da CEEE-T, que é responsável pela operação e manutenção de mais de 6 mil quilômetros de linhas de transmissão, sendo mais de 5,9 mil quilômetros próprios. A empresa tem também aproximadamente 15,7 mil estruturas de transmissão, com um total de 69 subestações que somam potência instalada própria de 10.513 MVA, cobrindo todo o Rio Grande do Sul.
A transmissora é considerada estratégica porque atende a uma região onde é realizado o intercâmbio de energia com a Argentina e o Uruguai, operação essencial para a segurança energética do País.
Com a aquisição, a CPFL reforça a presença no Sul do País, onde já atua em 77% do território do Rio Grande do Sul (381 municípios) e atende a 2,988 milhões de unidades consumidoras por meio da distribuidora RGE Sul.
No segmento de geração, tem participação nas usinas hidrelétricas Foz do Chapecó, Enercan (Campos Novos), Barra Grande e Ceran (Cia. Energética Rio das Antas), além de operar pequenas centrais hidrelétricas (PCH) e parques eólicos. A privatização tem significado político relevante para o governador, pré-candidato do PSDB à Presidência.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.