SÃO PAULO (Reuters) - Após ter encerrado 2022 com recorde resultado, a CPFL Energia (BVMF:CPFE3) enxerga um cenário positivo para os seus segmentos de atuação neste ano, embora veja alguns pontos de atenção, como a velocidade da adesão dos consumidores de energia à geração distribuída, que afeta o mercado das distribuidoras, disse à Reuters o CEO da companhia, Gustavo Estrella.
A elétrica divulgou nesta quinta-feira que obteve um lucro líquido de 1,37 bilhão de reais no quarto trimestre do ano passado, crescimento de 3,3% no comparativo anual, enquanto o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) atingiu 3,8 bilhões de reais, alta de 49,6%.
No consolidado de 2022, a CPFL lucrou 5,2 bilhões de reais (+7,5%) e registrou Ebitda de 12,3 bilhões (+33,9%), um resultado recorde para a companhia, que viu impactos positivos da consolidação de novos negócios em geração e transmissão e de reajustes nas tarifas aos consumidores das distribuidoras.
Para este ano, Estrella apontou que o consumo de energia da classe residencial tem mostrado boa evolução, seguindo mais ou menos em linha com o desempenho do ano passado, quando cresceu 1,5% ante 2021.
No entanto, parte desse crescimento da demanda das residências tem sido reduzido pela adesão cada vez maior dos consumidores à geração distribuída --pequenos sistemas solares instalados em telhados e fachadas, por exemplo. Hoje a tecnologia já responde por 6% do mercado das distribuidoras da CPFL, e a expectativa é que chegue a 10% ao final de 2023.
Segundo Estrella, há muita incerteza associada à velocidade da penetração dessa tecnologia. Ele destacou que, ao longo deste ano, as distribuidoras ainda lidarão com um volume muito alto de conexão desses geradores, após uma explosão de pedidos em virtude da vigência do novo marco regulatório do segmento.
"Aqui no Estado de São Paulo agora temos uma isenção de ICMS para investimento em micro e minigeração, qual impacto isso vai trazer?... Pode trazer uma demanda adicional de novas ligações... Lá pelo meio do ano, vamos ter que rever esse número (de 10% do mercado da CPFL ao final de 2023), vendo como foi a dinâmica".
No setor de transmissão, a CPFL tem interesse em participar dos leilões deste ano e deverá focar em projetos de menor porte e localizados em regiões onde a companhia já tem atividades, como São Paulo, Rio Grande do Sul e Estados do Nordeste.
"Devemos olhar os ativos menores, de tensão mais baixa, e eles (sua controladora State Grid) vão olhar os ativos maiores, com tensão mais alta", explicou.
Já na área de geração, o CEO da CPFL disse que a companhia tem uma exposição limitada ao cenário atual de preços baixos da energia, uma vez que boa parte de suas usinas já estão contratadas no curto prazo.
Em relação a potenciais aquisições, o executivo disse que a elétrica pode olhar a compra de ativos como parques renováveis e projetos de transmissão, mas que a precificação desses projetos por parte dos vendedores pode ser um entrave. No mercado de distribuição, a CPFL estudará a aquisição da EnelCeará, disse Estrella.
(Por Letícia Fucuchima)