Por Gabriel Codas
Investing.com - As ações da CSN (SA:CSNA3) operam com valorização nesta sexta-feira na B3, indo na contramão da baixa do Ibovespa hoje. Na noite de ontem, a companhia informou que devido a um ambiente de preços maiores de aço e minério de ferro e demanda mais forte pela liga, registrou no terceiro trimestre lucro de mais de R$ 1 bilhão, ante prejuízo de R$ 870 milhões sofrido um ano antes.
Após saltar mais de 3% na abertura, os papéis da siderúrgica diminuíram os ganhos e subia 0,62% a R$ 1957 por volta das 15h21, com mínima de R$ 19,03 e máxima de R$ 20,22 e R$ 480,56 milhões de volume negociado. O Ibovespa recuava 0,48% a 98.577 pontos.
O resultado líquido da empresa, de R$ 1,26 bilhão, também foi quase três vezes maior que o lucro obtido pela companhia no segundo trimestre, de R$ 445,9 milhões.
A CSN, que até meados de julho projetava chegar ao fim de 2021 com uma relação dívida líquida sobre lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado de 3 vezes, afirmou também nesta quinta-feira que espera que a alavancagem no final do próximo ano seja de 2,5 vezes.
Há meses, executivos da CSN vinham afirmando que a empresa vai conseguir reduzir a alavancagem, que no final do primeiro semestre estava em 5,17 vezes, para o nível de 3 vezes por meio de vendas de ativos, como a usina siderúrgica alemã SWT, operações como eventual IPO de suas operações de mineração, e geração de caixa próprio.
Visão dos analistas
Em nota enviada a clientes, o Credit Suisse (SIX:CSGN) destaca que o trimestre foi forte, principalmente devido aos embarques de minério de ferro, juntamente com um cenário melhor de preços. O documento aponta que a CSN também foi beneficida de uma melhor situação da demanda doméstica de aço e uma paridade de importação descontada para aumentar seus embarques domésticos e para implantar aumentos de preços
Os analistas do banco de investimento apontam ainda que a CSN vai aumentar em 10% o preço dos aços planos em novembro. Desta forma, aliada com a sólida demanda, pode levar a resultados ainda mais fortes no futuro.
Para a Mirae Asset, sem dúvida foi um bom resultado, como era esperado e a empresa reiterou que espera encerrar o ano com uma relação dívida líquida / Ebitda de 2,99x e em 2021 em 2,50x. A corretora continua otimista com a empresa e com o setor de siderurgia e mineração, esperando reajustes de preços em outubro/novembro. O grande evento para a empresa será o IPO do seu negócio de mineração.
Balanço
No terceiro trimestre, a alavancagem da empresa caiu para 3,67 vezes, abaixo do nível de 3,81 vezes um ano antes.
Parte do desempenho da CSN no terceiro trimestre foi apoiado por valorização das ações que tem na rival Usiminas (SA:USIM5). Segundo o balanço da CSN, no período o aumento no valor dos papéis gerou ganho sem efeito caixa de 537 milhões de reais, o que ajudou a compensar parcialmente o custo da dívida.
A CSN vendeu no trimestre 27% mais aço que um ano antes, apesar dos efeitos da epidemia de coronavírus. Um dos setores da economia pouco afetados pela doença foi o de construção civil, um dos principais demandantes de aços longos. Já o segmento de veículos passou a ver uma forte retomada de vendas nos últimos meses, conforme medidas de isolamento social foram relaxadas por governos estaduais e municipais.
De olho no IPO
Tradicionalmente, a CSN era uma das últimas companhias a apresentar o balanço trimestral. De acordo com a Coluna do Broad, do Estadão, o fato da siderúrgica puxar os resultados na atual temporada se deve a pressa para realizar a abertura de capital de sua unidade de mineração.
Segundo a publicação, a entrega do protocolo da oferta à Comissão de Valores Mobiliários (CVM) aconteceu ontem e precisava que já ter divulgado seu resultado trimestral, já que o mesmo estará na documentação a ser entregue ao regulador. O desejo é de que o IPO movimente cerca de US$ 1,5 bilhão – ou de R$ 8,2 bilhões no câmbio de hoje.
A coluna informa que a intenção é dividir os recursos da seguinte maneira: R$ 7,1 bilhões serão captados em uma oferta secundária e iriam para o caixa da CSN, que busca reduzir seu alto endividamento. O restante viria via oferta primária, com os recursos sendo usados nas minas.