Por Gabriela Mello
SÃO PAULO (Reuters) - A Cyrela (SA:CYRE3) está bastante otimista sobre o segundo semestre e vê possibilidade de anunciar uma nova distribuição de dividendos aos acionistas, dependendo da geração de caixa nos próximos meses, disseram nesta sexta-feira executivos da construtora e incorporadora.
"Não temos medo das eleições... Estamos bastante otimistas de que no segundo semestre vamos voltar a atingir metas internas, melhorar margens da companhia e manter a Cyrela no rumo da retomada", afirmou o diretor copresidente, Efraim Horn, em teleconferência com analistas e investidores sobre o balanço trimestral.
Na véspera, a Cyrela informou que reduziu a 28 milhões de reais o prejuízo líquido do segundo trimestre, de 141 milhões um ano atrás, apoiada no crescimento das receitas e por redução na linha de despesas.
Conforme o diretor de relações com investidores, Paulo Gonçalves, a construtora pode discutir uma nova distribuição de dividendos aos acionistas até o fim do ano, se o atual ritmo de geração de caixa persistir.
"Se continuarmos gerando no segundo semestre o caixa que temos gerado, é muito provável que aprovemos uma segunda distribuição de dividendos esse ano", disse. Em 2 de julho, a companhia realizou o pagamento de 200 milhões de reais em dividendos intermediários aprovados em reunião do conselho de administração em 2 de maio.
Por volta das 13:32 (horário de Brasília), as ações da Cyrela recuavam 2,7 por cento, cotadas a 11,87 reais, enquanto o Ibovespa perdia 2,6 por cento. Em 2018, os papéis da empresa acumulam desvalorização de quase 7 por cento.
Os executivos informaram que o estoque de imóveis prontos da empresa atingiu o pico em junho e julho em função do volume maior de entregas no último trimestre, mas esse nível tende a diminuir nos próximos meses, o que deve favorecer uma redução dos distratos e a elevação da margem bruta.
"Lançamentos recentes estão vindo com margens mais altas e, como a tendência é de diminuição do estoque pronto, a margem deve subir não de forma significativa, mas paulatinamente", explicou o diretor de RI.
Mas a Cyrela espera mais concorrência no segmento de médio e alto padrão em São Paulo, seu principal mercado de atuação, com muitas construtoras lançando mais empreendimentos depois da queda do chamado "direito de protocolo", que restringiu o registro de novos lançamentos na cidade.
"Todos que queriam lançar no primeiro semestre e não conseguiram o farão no segundo, mas nossos projetos já são pensados tentando fugir dessa concorrência", afirmou o copresidente.
Os executivos também preveem aumento no volume de projetos para Minha Casa Minha Vida (MCMV) desenvolvidos por meio de parcerias com outras empresas, como a Cury Construtora, agora que o novo plano diretor de São Paulo permite empreendimentos do programa em bairros no coração da cidade. "Temos cinco projetos aprovados, um deles já foi lançado", contou Horn.
No segundo trimestre, o segmento de médio padrão e MCMV respondeu por 67,6 por cento do total de lançamentos. Mas o copresidente adiantou que a alta concentração de projetos na baixa renda é temporária, sendo reflexo de questões regulatórias nos últimos meses que impediram outros lançamentos para alto padrão.