Por Rodrigo Viga Gaier
RIO DE JANEIRO (Reuters) - Uma "demora" da Petrobras (BVMF:PETR4) na avaliação dos nomes indicados pelo governo para compor o futuro conselho de administração da estatal é injustificável e revela uma certa má vontade, segundo um fonte do governo, que falou em condição de anonimato.
O Comitê de Elegibilidade (Celeg) da empresa se reuniu na quinta-feira, mas não deu um parecer final sobre os nomes indicados.
Na prática, isso atrasa ainda mais a formação do novo conselho de administração, que o governo decidiu alterar após indicar um novo presidente-executivo para a Petrobras, já que o presidente Jair Bolsonaro está insatisfeito com a política de preços da companhia.
Caio Paes de Andrade já foi aprovado como novo CEO, após o pedido de demissão de José Mauro Coelho. Mas um novo conselho poderia mexer em questões relacionadas à política de preços da empresa, segundo afirmou anteriormente o presidente Bolsonaro, pedindo também mudanças na diretoria da petroleira.
Uma assembleia de acionistas da empresa só pode ser convocada após os nomes dos indicados ao conselho passarem pelos filtros de governança e compliance.
Uma vez aprovados os nomes, ainda há um prazo de até 30 dias para a assembleia extraordinária ser realizada.
"Eles estão usando uma técnica, querendo criar uma crise. O Caio já foi uma demora grande para assumir, esses nomes indicados para o CA estão há mais de mês lá. Como isso não está pronto ainda?", afirmou a fonte.
"Conselho de Elegibilidade é cara e crachá. Satisfaz os critérios, acabou. Há uma morosidade proposital para criar atrito, crise e confusão, mas não sei por quê", adicionou.
Uma fonte da empresa negou que haja demora ou má vontade na avaliação dos nomes. "Não tem nada disso", disse, sem elaborar.
Procurada, a Petrobras não se manifestou sobre o Celeg. O Ministério de Minas e Energia também não comentou o assunto imediatamente.
O governo indicou oito nomes para o futuro conselho da empresa, visando a uma renovação da maioria dos integrantes.
"Não há conflito dos nomes indicados pelo governo. Falam que um é da Procuradoria Geral da Fazenda (Ricardo Soriano de Alencar) e não poderia porque tem conflitos da União com Petrobras na Justiça. Se fosse assim, não poderia ter ninguém da PGFN em conselho", disse a fonte do governo.
"Sobre o número dois da Casa Civil (Jonathas de Castro) não poder também, isso é uma lenda que inventaram. Tem números dois de ministérios em vários conselhos. Só se for ministro que tem limitações sobre ocupar vaga em conselho", argumentou.
A queda de Coelho da presidência da Petrobras aconteceu após um aumento no preço do diesel em junho, em meio a negociações do governo com o Congresso para reduzir impostos, entre eles o ICMS.
A fonte avaliou que, agora, "na ponta do lápis", alguns cálculos poderiam apontar para uma brecha para uma redução nos preços pela Petrobras, após uma redução do petróleo esta semana, mas diante da instabilidade do cenário e incertezas sobre a economia global, os preços internos tendem a ficar estabilizados.
(Edição de Roberto Samora)