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Desastre de Brumadinho completa 2 anos sem acordo para reparações entre Vale e MG

Publicado 25.01.2021, 13:54
© Reuters. Pessoas atingidas por rompimento de barragem da Vale em Brumadinho (MG) protestam contra a empresa
VALE3
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BPAC11
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Por Leonardo Benassatto

BRUMADINHO, Minas Gerais (Reuters) - Famílias das cerca de 270 vítimas do rompimento de uma barragem da Vale (SA:VALE3) na cidade mineira de Brumadinho realizam protestos e vigílias nesta segunda-feira, quando o desastre mortal completa dois anos, aumentando a pressão sobre a empresa pela solução de conflitos legais.

O Corpo de Bombeiros de Minas Gerais permaneceu em busca de 11 vítimas desaparecidas desde a grande onda de rejeitos de mineração que soterrou um refeitório lotado de trabalhadores da companhia, bem na hora do almoço, em 25 de janeiro de 2019. A tragédia atingiu também a cidade e áreas de floresta.

Atualmente, mais de 90 equipamentos pesados auxiliam o trabalho de busca de cerca de 60 bombeiros militares, que procuram vítimas sob a lama, que os bombeiros dizem ter até 15 metros de profundidade.

"A Vale destroçou, não só a minha família. Ela destroçou inúmeras famílias e a vida de muita gente. A gente hoje não sorri, a gente engana a tristeza", disse à Reuters Atamaio Ferreira, que perdeu a irmã na tragédia.

A Vale reafirmou em comunicado na semana passada que continuará a cumprir integralmente sua obrigação de reparar e indenizar as pessoas, bem como de promover a reparação do meio ambiente.

"Até o momento, a empresa destinou cerca de 10 bilhões de reais para estes fins... A Vale reitera sua confiança no Poder Judiciário", disse, em nota.

A mineradora e autoridades do Estado não conseguiram chegar a um acordo que buscava encerrar ações na Justiça e garantir reparações de danos morais coletivos e sociais, e compensações socioeconômicas, após várias rodadas de debates.

No último encontro, a Vale ofereceu um acordo de 29 bilhões de reais, enquanto autoridades de Minas Gerais exigiram pelo menos 40 bilhões de reais, segundo uma fonte próxima às negociações.

Após a reunião, o secretário-geral de Minas Gerais, Mateus Simões, deu um ultimato, dizendo que o processo seguiria em frente na Justiça caso não houvesse uma nova oferta da Vale que fosse "suficiente" até 29 de janeiro.

Em nota na semana passada, o banco de investimentos BTG Pactual (SA:BPAC11) disse que a falta de um acordo é uma situação em que todos perdem, já que atrasaria novos investimentos na região e aumentaria o risco de uma decisão ir aos tribunais.

O desastre de Brumadinho --que ocorreu poucos anos após o rompimento de barragem da joint venture Samarco (que pertence à Vale e à BHP,), em novembro de 2015-- alertou à indústria de mineração e investidores para os perigos de milhares de barragens de rejeitos em todo o mundo, muitas das quais estão em mau estado.

A Organização das Nações Unidas (ONU), o Conselho de Pensão da Igreja da Inglaterra e o Conselho de Ética dos Fundos de Pensão Nacionais Suecos disseram nesta segunda-feira que formariam uma organização independente para fazer cumprir os padrões globais de rejeitos que o trio ajudou a escrever no ano passado.

O grupo pretende usar a ameaça de desinvestimento para persuadir mineradoras ao redor do mundo a aderir aos padrões, disse Adam Matthews, diretor de ética do conselho de pensão da Igreja da Inglaterra.

"Dissemos à indústria de mineração que não importa onde seja o próximo desastre de rejeitos, será ruim para todos", disse Matthews.

Na noite de domingo, carros buzinando adornados com fitas pretas conduziram uma vigília para os mortos em Minas Gerais.

© Reuters. Pessoas atingidas por rompimento de barragem da Vale em Brumadinho (MG) protestam contra a empresa

"Eu vivia muito bem com meu marido, com muito amor, com muita dignidade e a Vale veio e simplesmente arrancou tudo de nós", disse Sueli de Oliveira, esposa de uma das vítimas. "Eu só quero justiça".

(Reportagem adicional de Marta Nogueira e Ernest Scheyder)

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