RIO DE JANEIRO (Reuters) - Não haverá espaço neste ano para uma greve de trabalhadores na Petrobras (SA:PETR4), na avaliação do diretor de Recursos Humanos, SMS e Serviços da companhia, Hugo Repsold, ainda que os sindicatos não estejam satisfeitos com a proposta salarial da estatal.
"Acho que a gente não vai ter motivo para ter greve e vamos nos esforçar ao máximo. A gente já colocou uma oferta e a gente precisa que o sindicato faça algumas concessões, ceda, mas aparentemente existe uma intersecção entre nós", afirmou Repsold nesta quarta-feira, nos bastidores do congresso Rio Oil & Gas.
No ano passado, os funcionários realizaram a maior greve da Petrobras em 20 anos, com impacto importante na produção de petróleo.
Na semana passada a empresa apresentou uma segunda proposta aos funcionários, após a primeira ter sido rejeitada em assembleias, com um reajuste salarial mais alto, mas ainda abaixo da inflação do ano anterior, em momento em que a Petrobras busca recuperar suas finanças.
"Aguardamos uma posição do sindicato e eles ficaram de se reunir, consultar as base e darem um retorno no que pode avançar ou não. Mas vejo com otimismo e há um intersecção e acho que vamos convergir", afirmou.
A avaliação do Conselho Deliberativo da Federação Única dos Petroleiros (FUP), que reúne 14 sindicatos, após uma reunião na segunda-feira, entretanto, foi de que a segunda proposta apresentada "já nasceu morta", segundo uma nota publicada em seu site.
"Além de sacrificar os trabalhadores com arrocho salarial e redução de direitos, a gestão Pedro Parente insiste em descumprir os acordos firmados com a categoria", afirmou a FUP.
O indicativo da FUP às assembleias, que acontecem entre 24 e 30 de outubro, é que os funcionários rejeitem a proposta da empresa e aprovem um amplo calendário de mobilizações, com paralisações, bloqueios de embarque, atrasos dos expedientes, dentre outras medidas.
A ideia é que as mobilizações ocorram entre 31 de outubro e 11 de novembro, para que uma possível greve seja avaliada em seguida.
Na mesma entrevista, Repsold disse ainda que a Petrobras deverá voltar a realizar concursos públicos para a contratação de funcionários dentro dos próximos dois anos, quando a força de trabalho irá atingir cerca de 50 mil funcionários próprios, ante os 63 mil em um passado recente.
Recentemente, a companhia realizou grandes planos de demissão voluntária, em meio a uma crise financeira, que levou também a petroleira a lançar um plano bilionário de venda de ativos, que tem gerado protestos dos trabalhadores.
(Por Marta Nogueira e Rodrigo Viga Gaier)