SÃO PAULO (Reuters) - A Eletrobras (BVMF:ELET3) está avaliando se desfazer de participações que detêm em algumas empresas do setor elétrico, ao mesmo tempo em que estuda aumentar sua posição naquelas consideradas estratégicas, disse nesta segunda-feira o CEO interino da companhia, Rodrigo Limp.
No caso das aquisições, a Eletrobras está aberta a estudar algumas oportunidades, inclusive de aumento de participação na usina hidrelétrica Belo Monte, na qual já detém cerca de 50%, disse o executivo.
"Naturalmente, estava no horizonte após a capitalização fazer uma avaliação desses ativos estratégicos no qual a gente tem participação relevante, se faz sentido a gente ampliar ou não... Belo Monte é um que naturalmente será avaliado", afirmou Limp, em teleconferência de resultados.
Ele lembrou que, no caso de hidrelétrica do Xingu, a segunda maior do país, há alguns pontos a serem considerados, como a dívida elevada do empreendimento e o aumento da exposição à fonte hídrica.
Outros sócios relevantes de Belo Monte, como Cemig (BVMF:CMIG4) e Neoenergia (BVMF:NEOE3), já divulgaram ao mercado sua intenção de se desfazer de suas participações.
Já em relação à venda de participações, a Eletrobras busca primeiro "desbloquear" suas ações de diversas elétricas --como ISA Cteep, AES e Auren-- que foram dadas em garantia em processos judiciais.
"Temos convicção de que conseguimos uma expertise, hoje conseguimos fazer bem mais rápido essa liberação do que há algum tempo. Tivemos êxito no caso da CEEE-T", disse Limp.
Ainda de acordo com o executivo, o plano de alienação de participações será discutido com o novo CEO, Wilson Ferreira Júnior, e conselho de administração.
DÍVIDA DA SANTO ANTÔNIO ENERGIA
Executivos da Eletrobras disseram ainda que a companhia fará uma reestruturação da dívida da Santo Antônio Energia, empresa da qual se tornou controladora em meio ao processo de privatização.
A dívida de mais 20 bilhões da controlada passará a ser consolidada no balanço da Eletrobras no terceiro trimestre.
A CFO da Eletrobras, Elvira Presta, lembrou que o elevado endividamento reflete "uma situação do passado", de litígio entre sócios --que, no fim, levou à execução de uma arbitragem e à saída dos demais acionistas da empresa.
"Do nosso lado, percebemos que a Saesa ter um controlador definido reduz o risco que a empresa tinha antes de ser inadimplente. Até sob a ótica dos credores, essa renegociação é bem-vinda", disse Elvira Presta.
Segundo ela, a companhia ainda está avaliando as condições para renegociação da dívida junto a credores.
NOVOS FOCOS ESTRATÉGICOS
Em paralelo, a Eletrobras vem buscando desenvolver novas frentes estratégicas após sua privatização, sendo a comercialização de energia uma delas.
Limp lembrou que a elétrica passará a ter grandes volumes de energia disponíveis para comercializar no mercado livre já a partir de 2023, quando se inicia o processo de descotização de suas hidrelétricas.
Nesse contexto, a companhia está aprimorando sua área de comercialização, tendo "acelerado" esse processo nos últimos meses, após a privatização, disse.
Além disso, a companhia vê a otimização de custos e despesas, o crescimento através de novos negócios e a redução de passivos contigentes como de suas prioridades estratégicas na virada de chave para a gestão privada.
(Por Letícia Fucuchima)