SÃO JOSÉ DOS CAMPOS, São Paulo (Reuters) - A Embraer (SA:EMBR3) iniciou conversas com o Irã após o fim do embargo comercial internacional ao país e está em discussões preliminares sobre vendas de aviões comerciais ao país.
"Começamos a conversar semanas atrás. Está começando a discussão, muito preliminar", disse nesta quinta-feira o presidente da Embraer, Frederico Curado, durante apresentação oficial do E190-E2, primeiro da segunda geração de aviões comerciais E-Jets da companhia.
O governo iraniano tem interesse em comprar 50 jatos da fabricante brasileira, disse uma fonte do Palácio do Planalto à Reuters nesta semana.
Perguntado se o país tem interesse no cargueiro KC-390, Curado disse que o foco da conversa têm sido aviação comercial.
O Irã precisa repor toda a frota de aviação, após anos de embargo que barrou importações do país. Após fechar negócio de 114 Airbus, o Irã precisa também de jatos de aviação regional.
Se o Irã quiser aviões antes de 2018, quando o E190 de segunda geração entra em serviço, disse Curado, a opção teria que ser pela primeira geração.
"Para 2019 também estamos bastante comprometidos (com encomendas)", disse.
PLANOS
A apresentação E190-E2 abre caminho para o início dos testes que serão feitos antes do primeiro voo. Da mesma família, o E195-E2 deve entrar em serviço em 2019 e o E175-E2, em 2020.
Devido ao tamanho das aeronaves, com 70 a 130 assentos, os E-Jets são considerados eficientes para rotas regionais. Desde o lançamento, a família obteve 640 pedidos, dos quais 267 firmes e 373 opções e direitos de compra.
"O avião (E190-E2) vai entrar no mercado só daqui a dois anos, é um começo extraordinário; nunca tivemos antes dois anos antes tanta demanda assegurada", disse Curado.
Sobre o mercado norte-americano, o executivo disse que a Embraer vê com otimismo a chance de grandes aéreas usarem aviões na faixa de 100 assentos, dependendo de negociações com pilotos, devido ao limite para rotas regionais em cerca de 76 assentos.
"Se isso acontecer, a demanda pelo E190 e pelo E195 tende a crescer nos Estados Unidos, seria uma coisa muito positiva, que nesse momento ainda é incipiente".
Curado disse esperar amadurecimento do mercado asiático, com empresas substituindo aviões maiores em rotas com menor demanda para melhorar a ocupação, diversificando a frota.
A Embraer afirmou que o alcance do E195-E2 cresceu em 800 quilômetros devido à maior capacidade para combustível.
Quanto ao Brasil, apesar da ausência dos incentivos do plano de aviação regional em meio à crise econômica, executivos da empresa disseram ver a aviação regional com bons olhos.
"Mais importante que o apoio que ia ser dado são os investimentos em infraestrutura e novas pistas em aeroportos. Isso sim vai levar a um desenvolvimento maior da aviação regional no país", disse Paulo Cesar Silva, presidente da Embraer Aviação Comercial. Mas o executivo reconheceu que o mercado não está bom para investimento agora.
(Por Priscila Jordão)