Por Caroline Valetkevitch
NOVA YORK (Reuters) - As empresas norte-americanas estão mais negativas em suas perspectivas de lucro do que em anos anteriores, o que leva o avanço do mercado acionário dos Estados Unidos para uma possível decepção, já que a temporada de resultados começa nesta semana.
Em um sinal ameaçador, a proporção de perspectivas negativas ante positivas das empresas do S&P 500 para o segundo trimestre está no nível mais alto desde o terceiro trimestre de 2016, quando as empresas estavam saindo de um declínio de resultados por quatro trimestres, segundo dados do IBES do Refinitiv.
As perspectivas negativas do segundo trimestre superam as positivas em 3,8 para 1, enquanto a proporção média para os quatro trimestres anteriores é de 1,9 para 1.
Esse pessimismo também se reflete nas estimativas de lucro do segundo trimestre dos analistas, que agora enxergam uma queda de 0,4% no lucro ano a ano das empresas do S&P 500, segundo dados do Refinitiv.
Com os três principais índices de ações dos EUA batendo recordes na semana passada em meio ao aumento das expectativas de que o Federal Reserve cortará as taxas de juros este mês, alguns estrategistas dizem que os lucros podem decepcionar os investidores, a menos que os resultados sejam melhores que os previstos ou que as empresas estejam otimistas com as perspectivas futuras.
O S&P 500 fechou acima de 3 mil pontos pela primeira vez na sexta-feira e está agora sendo negociado a 17,2 vezes o lucro esperado, alta ante nível de 14,4 vezes registrado no início do ano, pouco depois de uma onda vendedora no final de 2018.
A fraqueza dos ganhos pode moderar parte do entusiasmo com as taxas de juros, disseram estrategistas do UBS em nota na sexta-feira.
"Enquanto esperamos um modesto aumento nas ações do nosso cenário base, ganhos mais fortes no mercado acionário podem não se materializar até que o crescimento do lucro se recupere", escreveram eles.
Como a maioria das empresas tende a superar as estimativas, os resultados reais podem acabar em território positivo. Isso foi o que aconteceu no primeiro trimestre, que deveria mostrar uma queda nos lucros, mas terminou com um crescimento de 1,6%, com base nos dados da Refinitiv.