Por Gram Slattery e Sabrina Valle e Carolina Mandl
RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - Um consórcio da canadense Enbridge, da belga Fluxys e da empresa de private equity norte-americana EIG Global Energy Partners apresentou uma oferta não vinculante para o maior gasoduto de importação de gás natural do Brasil, disseram três pessoas com conhecimento do assunto à Reuters esta semana.
A Petrobras (SA:PETR4) colocou suas participações no gasoduto TBG de 2.593 quilômetros, que importa gás da Bolívia, e no gasoduto TSB, no extremo sul, à venda em dezembro, com ofertas não vinculantes esperadas até o final de abril.
O consórcio se prepara para apresentar uma oferta vinculante até o prazo de 5 de julho, disseram as fontes, que pediram anonimato para discutir assuntos privados. Não ficou claro se houve outras ofertas pelos ativos, que devem render bilhões de dólares.
Se o consórcio for bem-sucedido, isso marcará a primeira incursão da Enbridge na América do Sul. A empresa com sede em Calgary movimenta cerca de 25% do petróleo produzido na América do Norte e quase 20% do gás natural consumido nos Estados Unidos, de acordo com seu site.
A Enbridge disse em uma nota que não "responde a especulações ou rumores do mercado".
Petrobras, EIG e Fluxys não responderam aos pedidos de comentários.
A transação também representaria um passo significativo no processo de desinvestimento da Petrobras, que busca vender ativos não essenciais para reduzir sua dívida e aumentar seu foco na produção de petróleo em águas profundas.
A Petrobras já vendeu sua participação nas unidades de gasodutos TAG e NTS para consórcios liderados por Engie (SA:EGIE3) e Brookfield Asset Management, respectivamente.
Nos últimos anos, o gás boliviano tem enfrentado concorrência crescente no Brasil do gás natural liquefeito (GNL) mais barato e importado por navios.
Nos últimos dois anos, participantes privados entraram no mercado de GNL do Brasil.
Enquanto a Petrobras detinha um quase monopólio do gás natural no Brasil até 2015, desde então vem vendendo ativos, em um movimento que está trazendo concorrência e mudando a dinâmica do mercado.
O TBG, formalmente Transportadora Brasileira Gasoduto Bolívia-Brasil, administra o lado brasileiro do gasoduto conhecido como Gasbol.
O TBG passa por cinco Estados ao sul do Brasil, incluindo São Paulo, o mais rico e populoso.
O TSB, formalmente Transportadora Sulbrasileira de Gás, é um ativo bem menor --50 quilômetros-- administrando dois gasodutos no Rio Grande do Sul, próximo à fronteira com a Argentina.
A Fluxys já detém uma participação minoritária no TBG, o que lhe dá direito de preferência no ativo, segundo fontes consultadas pela Reuters.
O grupo de infraestrutura de gás natural belga anunciou em janeiro que havia comprado a participação de 27,5% da EIG no TBG.
Na época, a EIG disse que a venda removeu os obstáculos regulatórios para uma potencial oferta pelo controle acionário da Petrobras.
(Com reportagem adicional de Tatiana Bautzer em São Paulo e Nia Williams em Calgary)