Por Aluísio Alves e Guillermo Parra-Bernal
SÃO PAULO (Reuters) - A BB DTVM, braço de gestão de recursos de terceiros do Banco do Brasil (SA:BBAS3), vai intensificar a oferta de fundos com ativos do país para investidores da Europa, Ásia e Oriente Médio, num momento de continuada liquidez nos mercados internacionais e em que as taxas de juros no Brasil estão no pico em quase uma década.
Maior administradora de fundos do Brasil, com cerca de 604 bilhões de reais, a BB DTVM está perto de criar uma subsidiária em Luxemburgo, disse à Reuters o presidente-executivo da gestora, Carlos Massaru.
"O objetivo é distribuir fundos para clientes de varejo na Europa e na Ásia e para fundos soberanos de países do Oriente Médio", disse Massaru.
Além disso, a BB DTVM deve lançar em 2016 no Japão um novo 'fundo Brasil' para clientes de varejo, após o encerramento de outra carteira naquele mercado de cerca de 300 milhões de dólares, que tinha quase 10 mil cotistas.
"Os produtos de renda fixa no Brasil estão muito atrativos", disse Massaru.
Naquelas regiões, a BB DVTM distribui seus produtos de investimentos em parceria com instituições internacionais, como UBS, Nordea, MFS, BlackRock e Pictet. A gestora brasileira já tem um veículo de investimentos em Dublin.
A oferta de produtos no mercado norte-americano, pelo menos por enquanto, está descartada.
Com a Selic em 14,25 por cento ao ano, a taxa básica de juros do Brasil está no maior nível desde o fim de 2006, enquanto a liquidez internacional ainda é abundante, patrocinada por taxas de juros próximas das mínimas históricas.
No caso dos investidores locais, de acordo com Massaru, a combinação de juro alto e desempenho fraco do mercado de capitais doméstico tem feito os clientes optarem por liquidez e segurança, mesmo que em detrimento de rentabilidade.
"As posições mais líquidas têm sido altamente valorizadas", disse.
Para o executivo, dada a perspectiva de manutenção da Selic por algum tempo, antes do início de um ciclo de cortes, a tendência é que a demanda dos investidores locais por maior diversificação, como ações e ativos privados de renda fixa, comece a voltar em meados de 2016.
"Era uma tendência que vinha se desenhando desde 2011, depois interrompida, e que deve voltar", disse.
Ainda segundo Massaru, o projeto que está em discussão no Congresso Nacional, que trata da regularização cambial e tributária de bens não declarados mantidos no exterior, pode ser uma oportunidade para as administradoras de recursos do país.
A proposta estabelece um regime de regularização de recursos mantidos no exterior que tenham origem lícita, mas não declarados ou tributados no Brasil.
"Entendemos que há uma demanda crescente de investidores daqui por ativos no exterior. E com os nossos fundos eles podem fazer isso aqui mesmo", disse Massaru.