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ENTREVISTA-Movida quer superar covid neste ano para voltar a crescer em 2021

Publicado 12.08.2020, 21:58
Atualizado 12.08.2020, 22:04
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Por Felipe Areia

Investing.com - Após “jogar na defesa” no segundo trimestre, a Movida (SA:MOVI3) vê a recuperação de aluguel de carro neste segundo trimestre e acredita que será possível terminar o ano 2020 com uma frota e desempenho semelhante àqueles do início do ano.

A pandemia de covid-19 bateu fortemente no resultado da locadora. O valor médio da diária no setor de aluguel para pessoa física despencou 25% para R$ 59,50, com descontos dados para motoristas de aplicativo, revisão de contratos e a menor demanda por veículos em uma sociedade com paralisada para combater o novo vírus. Veja o balanço completo aqui.

A resposta da Movida foi uma rápida reação para a redução da frota, que fez a sua área de Seminovos vender o recorde de 18.465 unidades no trimestre. Foi o momento de “jogar na defesa” como explicou Edmar Lopes, diretor financeiro e de relações com investidores. A empresa reduziu em 16% a frota 66 mil veículos para aluguel e fechou 11 lojas para fazer frente à queda de demanda.

“A nossa visão otimista é chegar em 31 de dezembro do mesmo tamanho que estava em 1º de janeiro”, conta Lopes em entrevista ao Investing.com. Para ele, as mudanças estruturais de redução da mobilidade no mundo dos negócios e a queda no turismo não deverá afetar o futuro da Movida. A captura de novos clientes deverá aumentar e a empresa já faz planos de voltar a aumentar a frota entre setembro e outubro.

Leia abaixo a entrevista com Edmar Lopes, diretor financeiro da Movida.

Investing.com - Como os efeitos da pandemia mudam o modelo de negócios da Movida?

Edmar Lopes - Não muda. Muda o mix de produto e receita. Somos a locadora com maior foco em pessoa física desde a compra da JSL (SA:JSLG3) e 20% a 25% da nossa demanda está ligada a aeroporto. O lado corporativo vai sofrer.

No turismo, sentimos o turismo por carro e nós substituímos não somente o avião, mas o ônibus também. Se tem menos demanda corporativa ou aeroporto, já enxergamos mais demanda no turismo doméstico com aluguel de carro. Outra vertente que vinha crescendo forte e acelerou ainda mais é o aluguel mensal para pessoa física. Na pandemia, há um privilégio pela liquidez. Em vez de comprar um carro, a pessoa aluga e vai administrando.

Os números de julho e agosto estão favoráveis e mostram uma retomada. Estamos no jogo. Acredito que 2021 será bem parecido ao que já achávamos que seria antes da pandemia. Voltamos para o trilho que estávamos de crescimento e rentabilidade. E não somos só nós. As outras companhias de aluguel de carro também estão com discurso positivo. A indústria está indo bem.

Inv.com - Esses efeitos que garantem a retomada são mudanças de comportamento de curto prazo, mas a mudança de comportamento tem prazo mais longo. Isso afeta o crescimento da empresa no longo prazo?

EL - O turismo de negócio é apenas uma fração do nosso negócio. Não estamos feridos de morte. Deu um machucado, mas tenho outras alavancas de crescimento. A minha família vai demorar muito tempo para entrar em um avião.

Existem algumas mudanças estruturais que nos beneficiam também. A pessoa que viajava de ônibus agora combina com amigos, aluga um carro e sai mais barato. Essa pessoa não volta para o ônibus.

Inv.com - O sr. então vê uma migração de mais usuários para as locadoras mesmo após a pandemia?

EL - É uma mudança de hábito. O pano de fundo é que essa indústria ainda é muito subpenetrada no Brasil. Qualquer pessoa que descubra que alugar é bom, barato e acessível, é mais um cliente que passamos a ter.

Inv.com - Essa subpenetração é uma questão geográfica ou os grandes mercados ainda existe muito espaço para aumentar o público?

EL - É geral.

Inv.com - Mas na pandemia a Movida fechou 11 lojas…

EL - Nós temos uma presença bem grande no Sudeste. Fechamos somente as lojas que tinham outras próximas. Não saímos de nenhuma cidade. Ajustamos as lojas de acordo com a demanda, tamanho e lojas próximas. Não abandonamos nenhum mercado.

Inv.com - Como reagiu a área de aluguel para motoristas de aplicativos?

EL - Nós montamos um produto mais flexível em relação à rodagem dos motoristas. Isso possibilitou que os motoristas não devolvessem o carro. Fomos rápidos, mantemos a base, mas perdemos receita com esse desconto.

Olhando para agosto, temos fundamentalmente a mesma quantidade de motorista e mesma receita. Conseguimos recuperar esses descontos. Voltamos ao nível normal.

Inv.com - Qual é a participação dessa linha no negócio?

EL - Os motoristas de aplicativos representam de 15%-20% do segmento de aluguel de carro. Eles ganharam relevância, pois o RAC [segmento de aluguel de veículos] diminuiu.

Inv.com - Como a Movida vê a competição das montadoras que passam a oferecer aluguel de veículos?

EL - A competição aumenta esse mercado e temos uma visão positiva. Não há destruição de valor, as empresas crescem com rentabilidade. A capacidade de eles competirem é de nicho, não tem a capilaridade, oferta ou expertise que temos. Dada a nossa escala, vai ser difícil ver uma montadora entrando com 100 mil carros.

Inv.com - Como as empresas cliente na gestão de frota da Movida se comportaram durante a pandemia?

EL - A macrotendência é que esse negócio cresça muito. Não faz sentido para uma empresa farmacêutica, por exemplo, tomar conta de 500 carros. Em crises em que a liquidez é um tema importante, a gestão de frota ganha mais um holofote. As empresas trocam investimento nos carros por pela gestão frota.

Esse business é bem resiliente, pois tem prazos longos e penalidades de saída elevadas e são decisões maturadas nas empresas. Em 3 meses, a empresa não muda de ideia.

Inv.com - Houve uma maior inadimplência?

EL - Não. Nossa inadimplência é pouco concentrada e não perdemos nenhum cliente durante a crise. Houve negociação e inadimplência está em linha com os números anteriores. Isso não quer dizer que está resolvido. Continuo muito cauteloso em relação à inadimplência daqui para frente.

Inv.com - Como a reorganização societária da JSL impacta na Movida?

EL - No curto prazo não tem efeito. No médio prazo, tenho uma visão bem otimista. Vai ficar mais claro para o investidor o que cada companhia faz e o grupo deve reforçar sua estrutura de capital. Isso ajuda, pois fazemos parte do grupo consolidador do setor de logística do Brasil.

Inv.com - Quais são os focos de crescimento da Movida?

EL - Em aluguel, seguimos como foco na pessoa física, é o DNA da empresa. Do motorista de Uber até o aluguel mensal. Em frotas, a terceirização também é subpenetrada e crescemos muito nas pequenas e médias empresas e acreditamos muito nesse mercado.

Inv.com - Envolve aquisições?

EL - Não. Crescimento orgânico.

Inv.com - O resultado de vendas na área de Seminovos foi forte e a Movida precisou dar descontos para reduzir a frota. Já houve a recuperação dos preços?

EL - Não houve durante o segundo trimestre. Junho teve uma melhora marginal em relação a abril e maio, que foram meses bem duros. Já vemos essa recuperação em julho e agosto.

Inv.com - Quando a Movida voltará ao mercado para comprar veículos e ampliar frota?

EL - Na passagem do terceiro para o quatro trimestre já vemos espaço para crescer de maneira prudente. A nossa visão otimista é chegar em 31 de dezembro do mesmo tamanho que estava em 1º de janeiro, o que seria muito bom. Entraríamos em 2021, de forma parecida com a que entramos em 2020, mas com uma empresa mais digital e mais eficiente.

Inv.com - Como o ambiente de juros baixos impacta a empresa?

EL - Somos um negócio intensivo em capital. Qualquer redução na taxa de juros nos ajuda. Somente na dívida líquida de R$ 2,4 bi, a queda de 1 p.p. no CDI diminui nossa despesa financeira em R$ 24 milhões no ano.

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