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ENTREVISTA-Petros pretende comprar debêntures da Petrobras

Publicado 08.10.2015, 17:30
Atualizado 08.10.2015, 17:39
© Reuters.  ENTREVISTA-Petros pretende comprar debêntures da Petrobras
PBR
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Por Aluísio Alves

BRASÍLIA (Reuters) - A Petros, segundo maior fundo de pensão do país, planeja comprar debêntures da Petrobras (SA:PETR4), sua maior patrocinadora, disse um executivo da fundação nesta quinta-feira.

A decisão faz parte da diretriz mais recente da gestão de evitar ativos de risco e concentrar os novos investimentos em títulos federais e nos de companhias com ratings no mínimo AA na escala doméstica.

"Tivemos uma discussão interna sobre a possibilidade de conflito de interesses, mas tivemos um parecer jurídico que nos permite fazer", disse à Reuters o diretor de investimentos da Petros, Lício da Costa Raimundo.

Quase a totalidade dos 162 mil associados da Petros são funcionários da Petrobras. Um número pequeno pertence a outras companhias cujos fundos de pensão também são administrados pela Petros.

A Petrobras anunciou em agosto que pretende levantar 3 bilhões de reais com debêntures.

Além dos títulos privados de grandes companhias, a fundação também está focando em papéis do governo federal. Segundo Raimundo, mais do que o contexto doméstico de recessão e crise política, há a expectativa de forte volatilidade nos mercados internacionais no cenário de curto prazo, diante da chance de mudanças nas taxas de juros em economias maduras.

"Não há muita clareza pela frente, pelo menos pelos próximos 12 meses", disse. "Queremos menos risco de mercado de crédito privado."

Dos cerca de 70 bilhões de reais que a fundação administra, cerca de 54 por cento estão em títulos do governo e a tendência é que esse percentual aumente num horizonte de dois a três anos, disse o executivo. Já a fatia de renda variável, que já caiu de 40 para 33 por cento desde 2012, tende a recuar um pouco mais.

O foco em papéis do governo é a principal aposta da Petros para voltar atingir uma rentabilidade mínima que permita ao fundo ter um equilíbrio de longo prazo entre contribuições e pagamentos de benefícios, a chamada meta atuarial.

Em 2015, essa meta, que é de variação anual do IPCA mais 5,6 por cento, dificilmente será atingida. Em parte, devido ao fraco desempenho dos investimentos em ações.

No caso da Petros, alcançar uma rentabilidade média superior é necessário não apenas para manter o equilíbrio entre entradas e saídas de recursos, mas para recompor um déficit pesado em seu maior fundo, o PPSP.

Com cerca de 54 bilhões de reais, o PPSP reúne cerca de 100 mil participantes, grupo formado por funcionários que entraram na Petrobras até 2002. Devido a uma combinação de problemas na gestão de passivos e de ativos, esse fundo acumulou déficit de 6,2 bilhões de reais nos últimos dois anos.

Metade desse déficit deveu-se a provisões feitas para cobrir acordos com aposentados antigos, que ganharam na Justiça o direito de ter adicionais aos benefícios.

Em 2015, o PPSP deve ter o terceiro ano no vermelho. Segundo o marco regulatório do setor, três anos seguidos de déficit exigem que o gestor apresente um plano de recomposição de perdas, o que deve ser dividido meio a meio entre o patrocinador e os participantes.

"No começo de 2015 tínhamos a expectativa de reverter o déficit, mas vemos que não vai acontecer, então teremos que apresentar um plano de equacionamento no ano que vem", disse Raimundo.

Segundo o executivo, para evitar a repetição de problemas que a Petros enfrenta com o PPSP, a Petros criou neste ano uma gerência de gestão de risco. Além disso, elevou o rigor da análise das propostas de investimento.

"Agora, só aceitamos ativos que tenham nota de agências internacionais", disse.

Raimundo disse ainda estar otimista com a possibilidade de um desfecho favorável para a Sete Brasil. A Petros investiu junto com outros fundos na companhia criada para fabricar sondas de exploração petróleo. Em grave crise de liquidez, a Sete Brasil sofre os efeitos da operação Lava Jato, que investiga denúncias de corrupção na Petrobras.

"Podemos ter notícias positivas em breve", disse Raimundo, se referindo a uma solução para os problemas financeiros da Sete Brasil.

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