Por Luciano Costa
SÃO PAULO (Reuters) - A elétrica Energisa (SA:ENGI4) acredita que o final da recuperação judicial da Rede Energia, adquirida pela companhia em 2014, é uma prova de que o grupo está apto a buscar novos negócios que envolvam a reestruturação de distribuidoras de eletricidade em dificuldade.
A companhia, que divulgou o final do processo de recuperação judicial das oito concessionárias da Rede Energia nesta sexta-feira, vê possíveis privatizações de distribuidoras da Eletrobras (SA:ELET3) previstas para até o final de 2017 como uma oportunidade de mostrar novamente esse expertise, disse à Reuters o diretor financeiro da holding, Maurício Botelho.
Desde que foram compradas, as elétricas que eram do Rede passaram de prejuízo de 566 milhões de reais em 2013 para lucro líquido de 380 milhões de reais no ano passado, enquanto os investimentos nas empresas saltaram 45 por cento no período, para 1,2 bilhão de reais.
"A gente se credenciou ao ter casos de sucesso em nossas empresas... somos candidatos na eventualidade de o governo realmente colocar essas empresas (da Eletrobras à venda), obviamente mediante as condições, que têm que ser atrativas", disse Botelho.
Ele acredita que seria necessário "uma limpeza" dessas estatais para deixá-las aptas a atrair investidores, e que o interesse da Energisa ficaria nas distribuidoras mais próximas de suas áreas de concessão, como a Celg-D, de Goiás, a Ceron, de Rondônia, e Ceal e Cepisa, que atendem Alagoas e Piauí.
"É realmente uma decisão que vamos ver mais adiante... como a própria Eletrobras devolveu essas concessões, é um sinal forte de que precisa ter um olhar diferenciado para essas regiões, por conta do subinvestimento no passado e dos passivos enormes das empresas", apontou.
O diretor financeiro disse também que vê grande apetite do mercado pelo setor de distribuição de energia neste momento, o que ficou evidenciado pelo forte interesse despertado pela oferta de ações realizada pela companhia em julho, que resultou na captação de cerca de 1,5 bilhão de reais.
Outro indicador desse interesse foi o investimento de 618 milhões de reais do fundo Samambaia em ações da Energisa. Segundo Botelho, a operação foi realizada com compras pelo fundo de participações de outro investidor e de ações na oferta primária, mas sem envolvimento da Energisa.
"Eles foram comprando e atingiram um patamar interessante... é um atestado aí de que o mercado de capitais, nacional e estrangeiro, acredita sim na distribuição", afirmou.