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Esperanças de revitalização de mercado de IPOs do Brasil evaporam

Publicado 16.08.2024, 09:56
© Reuters.
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Por Luciana Magalhaes

SÃO PAULO (Reuters) - As preocupações com a saúde fiscal do Brasil e com as taxas de juros contribuíram para acabar com as esperanças de que até 20 empresas pudessem abrir o capital este ano, pondo fim a uma seca de dois anos no outrora efervescente mercado de IPOs do país.

As empresas de uma ampla gama de setores, incluindo construção, varejo e infraestrutura, estão cada vez mais se reconciliando com a probabilidade de que outra janela para ofertas públicas iniciais possa não se abrir até o próximo ano ou, possivelmente, até depois da eleição presidencial do Brasil no final de 2026.

"Não há clima para uma IPO no Brasil neste momento", disse Matheus Kuhn, diretor financeiro da Kallas Incorporações e Construções, que há anos tem planos de vender ações por meio de um IPO.

A construtora sediada em São Paulo está adiando mais uma vez a venda de suas ações, possivelmente até 2025 ou mais tarde, disse Kuhn à Reuters.

A Kallas e outras empresas que adiaram seus planos de abrir o capital culpam as persistentes preocupações fiscais do Brasil, as altas taxas de juros do país, que tendem a empurrar os investidores das ações para a renda fixa, e os temores de uma recessão nos EUA.

O Brasil, que abriga a maior economia da América Latina, não registra um IPO há quase três anos. A produtora de fertilizantes Vittia (BVMF:VITT3) foi a última empresa a fazer isso, estreando na bolsa de valores B3 (BVMF:B3SA3) em setembro de 2021. Três meses depois, o banco digital Nubank (BVMF:ROXO34) foi listado na Bolsa de Valores de Nova York, enquanto lançava Brazilian Depositary Receipts (BDRs) no mercado local.

O entusiasmo com os IPOs atingiu um obstáculo em 2022, quando um aumento na inflação levou o Banco Central a elevar as taxas de juros mais rapidamente do que em muitas outras economias ocidentais, causando um arrepio nos mercados acionários nacionais.

As esperanças de que uma nova rodada de IPOs pudesse estar próxima cresceram no ano passado e no início de 2024, acompanhando o afrouxamento da política monetária, mas foram frustradas nos últimos meses, quando o BC suspendeu os cortes nas taxas de juros em meio a preocupações crescentes com a saúde fiscal do país e com um possível ressurgimento da inflação.

Em julho, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ampliou sua previsão de déficit primário para este ano, o que levou a um congelamento dos gastos para atingir a meta fiscal.

Até o momento, o fato do Federal Reserve não ter cortado os juros em 2024, apesar das expectativas no início do ano de uma redução substancial nos custos dos empréstimos, fortaleceu ainda mais o dólar e obscureceu o cenário para as ações brasileiras.

"Estávamos prontos, apenas esperando por sinais do lado fiscal no Brasil e do lado monetário nos EUA", disse Andre Avelar, diretor financeiro da Emccamp, outra empresa de construção que provavelmente também arquivará seus planos de IPO em 2024.

"FEITIÇO"

As empresas de construção estão entre os principais candidatos a IPO, dada a natureza de capital intensivo de seus negócios.

Marcelo Mello, presidente-executivo da SulAmérica Investimentos, disse à Reuters que a empresa de gestão de ativos esperava inicialmente que o Brasil saísse da seca de IPOs a partir do segundo trimestre deste ano, com cerca de 20 ofertas primárias de ações este ano. Agora, a empresa prevê que nenhum desses negócios provavelmente ocorrerá até 2025.

Daniel Wainstein, sócio-gerente da empresa de consultoria financeira Seneca Evercore, em São Paulo, disse que não ficará surpreso se o Brasil não vir outra oferta primária de ações até depois da próxima eleição presidencial, prevista para outubro de 2026.

Dados compilados pela empresa mostram que 81 empresas realizaram IPOs no Brasil desde 2018, a maioria em 2020 e 2021. Dessas, 74 ainda estão listadas, sendo que os setores de tecnologia, varejo e imobiliário representam um pouco mais de 50% das novas entrantes ainda em negociação.

Mais recentemente, mesmo em meio a um aumento nas emissões primárias nos EUA e na Europa, o Brasil e muitos países da região Ásia-Pacífico ficaram para trás, levando os candidatos locais a IPO a buscarem outras opções, incluindo emissão de dívida ou acordos de private equity, de acordo com Wainstein.

Esse é o caso da Iguá Saneamento, que no ano passado emitiu 3,8 bilhões de reais em debêntures para financiar seus investimentos.

O presidente-executivo da Iguá, Roberto Barbuti, disse que a empresa vinha pensando em fazer um IPO há algum tempo, mas que o clima ainda instável torna improvável uma oferta primária de ações este ano.

"Não tínhamos uma seca tão longa de IPOs desde que o mercado se tornou mais relevante no início dos anos 2000", disse ele à Reuters, referindo-se a um período em que a bolsa de valores do Brasil procurou aumentar a confiança dos investidores criando listagens premium para empresas com práticas de governança corporativa além das normalmente exigidas, o chamado Novo Mercado.

Embora o mercado de dívida continue a ser uma opção para muitas empresas locais, os executivos argumentam que a listagem de ações em uma bolsa de valores oferece muito mais do que capital.

"A listagem de ações é estratégica para nós", disse Victor Bassan de Almeida, presidente executivo da Pacaembu, outra empresa de construção com sede em São Paulo, explicando que as empresas listadas tendem a ter maior visibilidade e são capazes de atrair e reter profissionais bem qualificados.

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