Ibovespa fecha em queda pressionado por Petrobras, mas sobe em semana marcada por resultados corporativos
Investing.com — O recente movimento de queda seguido por uma recuperação parcial nas bolsas norte-americanas pode sinalizar o início de uma correção mais ampla e duradoura, segundo avaliação da Capital Economics.
A piora dos dados econômicos, em parte associada às preocupações com os efeitos dos planos tarifários do presidente Donald Trump, contribuiu para um cenário de curto prazo mais nebuloso. Economistas e representantes do setor empresarial alertaram que as tarifas podem reacender pressões inflacionárias que vinham perdendo força, além de comprometer a trajetória de crescimento da economia dos Estados Unidos.
Apesar disso, outros indicadores divulgados recentemente não sugerem uma desaceleração iminente. O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, afirmou que a economia norte-americana permanece em posição sólida de forma geral.
Nesse contexto, o índice S&P 500 acumula queda de 1,6% no ano e chegou a operar brevemente em território de correção — situação caracterizada por recuo de 10% a partir de um topo recente.
A pressão de venda, porém, perdeu força nos últimos dias. O S&P 500 subiu 2,6% nos últimos cinco pregões. Na terça-feira, o índice avançou ao lado do Nasdaq Composite e do Dow Jones Industrial Average, impulsionado principalmente pela expectativa de que o pacote de tarifas recíprocas prometido por Trump — previsto para 2 de abril — seja mais restrito do que o inicialmente projetado.
Os analistas da Capital Economics também apontaram que investidores aproveitaram a queda recente para recompor posições em papéis listados nos EUA, cujas avaliações estavam mais descontadas após um período de forte valorização.
“Como costuma ocorrer após quedas dessa magnitude, houve uma recuperação técnica nos últimos dias”, escreveram. “A estratégia de compra na baixa não precisa, necessariamente, de justificativas adicionais, dado que historicamente os mercados tendem a se recuperar dessas correções em prazos relativamente curtos.”
Ainda assim, os analistas chamaram atenção para o fato de que, ao contrário de outros episódios recentes, o desempenho das bolsas americanas tem ficado atrás dos mercados internacionais. As ações europeias, por exemplo, foram favorecidas por expectativas de estímulos fiscais em nível regional e por múltiplos de preço mais atrativos em comparação com os ativos norte-americanos.
Esse movimento, combinado ao enfraquecimento do dólar, à persistência de incertezas relacionadas à política comercial dos EUA e à dificuldade de sustentação da narrativa em torno da inteligência artificial, tem colocado em xeque a tese do “excepcionalismo americano” nos mercados financeiros, concluíram os analistas.