Por Hugh Bronstein
BUENOS AIRES (Reuters) - Os esforços da Argentina para convencer os detentores de títulos a aceitar uma proposta de reestruturação da dívida de 65 bilhões de dólares estão se mostrando um trabalho duro, afirmou o ministro da Economia do país à Reuters, mas disse que não tem planos de ampliar o prazo de sexta-feira para um acordo.
A Argentina está em desacordo com seus credores sobre a proposta de impor grandes reduções nos cupons, um hiato de pagamento de três anos e o adiamento dos vencimentos para a próxima década. [nL1N2CM157]
Os detentores de títulos têm até sexta-feira para responder à proposta, apesar de três grandes grupos de credores já terem rejeitado a oferta, entrando em conflito com o governo da Argentina, que afirma que não pode pagar mais nada.
"Ainda estamos trabalhando para aproximar os dois lados... Isso provou ser difícil", disse o ministro da Economia, Martín Guzmán, à Reuters, em seu escritório no centro de Buenos Aires na segunda-feira à tarde. "Não estamos planejando mudar o prazo", acrescentou, sem dizer se essa postura pode ser alterada mais próxima da data.
A proposta atual inclui uma suspensão de pagamentos por três anos e deixaria os credores com um cupom médio de 2,3%, em comparação com a média de 7% atualmente. Isso representa um corte acentuado de 62% nos pagamentos de juros.
Na segunda-feira, três grupos de credores analisaram o acordo, dizendo que ele impunha aos credores "perdas desproporcionais que não são justificadas nem necessárias".
O Ministério da Economia da Argentina disse estar desapontado com a posição dos grupos de detentores de títulos, embora tenha indicado que está aberto a contra-propostas se eles se alinharem à análise do país sobre quais níveis de dívida são sustentáveis.
Guzmán disse que a Argentina teve "um envolvimento positivo com alguns credores nos últimos dias".
"Outros decidiram não se envolver e não aceitar nossos convites para se reunir", acrescentou. "Alguns credores já estão expressando sua conformidade com a oferta e há tempo para chegar em um acordo sobre uma resolução sustentável com o restante de nossos credores."
A Argentina será flexível até certo ponto, desde que a reestruturação respeite as restrições impostas pela análise de sustentabilidade da dívida do governo e por um relatório separado do Fundo Monetário Internacional, disse Guzmán.
Ele acrescentou que as negociações com o Fundo Monetário Internacional foram construtivas quanto a um novo acordo para substituir o instrumento de 57 bilhões de dólares acordado em 2018. O país está conversando com o Clube de Paris de credores, porém perderá um pagamento de 2,1 bilhões de dólares com vencimento nesta terça-feira.
"Estamos em negociações para reagendar a dívida do Clube de Paris. Não pagaremos amanhã", afirmou Guzmán. "O Clube de Paris tem sido receptivo e o processo de reescalonamento da dívida está em andamento."
(Reportagem de Hugh Bronstein)