Por Marta Nogueira
RIO DE JANEIRO (Reuters) - As exportações de petróleo pelo Brasil atingiram um recorde em dezembro e deverão permanecer em crescimento nos próximos meses e anos, diante de um avanço expressivo da produção nos campos do pré-sal, o que poderá colocar o Brasil entre os cinco maiores produtores globais.
O país exportou 8,72 milhões de toneladas em dezembro, mais que o dobro do registrado em novembro (3,77 milhões de toneladas) e no mesmo período de 2018 (4,22 milhões), de acordo com dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) publicados nesta quinta-feira.
O recorde mensal anterior da exportação de petróleo havia sido registrado em julho de 2018, quando o país exportou 8,098 milhões de toneladas.
No ano passado, a exportação de petróleo pelo Brasil atingiu 64,6 milhões de toneladas, ante 59,2 milhões em 2018, alta anual de 9%, segundo a Secex.
Analistas e governo preveem que as vendas externas permaneçam em crescimento.
"Conforme avança a produção do pré-sal... e como o nosso refino está estável, a tendência é que a gente vá sequencialmente agora, mês após mês, batendo recorde de exportação", disse o chefe da área de óleo e gás da consultoria INTL FCStone, Thadeu Silva.
Segundo o especialista, a previsão é que haja ainda adição de produção de cerca de 200 mil barris de petróleo por dia (bpd) até o meio do ano. Para os próximos anos, pontuou Silva, outros grandes projetos deverão entrar em operação, inclusive liderados por empresas estrangeiras.
"Nos próximos três anos vamos nos acostumar a ver recordes de exportação de petróleo."
O diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) frisou à Reuters que o aumento da produção é resultado das medidas adotadas para assegurar a retomada do setor.
Nos últimos anos, o Brasil realizou diversas reformas no segmento de petróleo e promoveu leilões de novas áreas exploratórias, após um período anterior sem licitações e concentração da exploração na estatal Petrobras (SA:PETR4).
Na avaliação de Oddone, a retomada vai se intensificar nos próximos anos, fazendo com que a produção continue aumentando e que o país se torne um exportador ainda mais relevante.
"Boa parte do aumento da oferta global de petróleo virá das maiores exportações brasileiras. No final da década, o Brasil deverá ser um dos cinco maiores produtores e um grande exportador", afirmou Oddone.
A ANP ainda não publicou os dados de produção de dezembro. Mas em novembro o volume cresceu 20,4% ante o mesmo mês de 2018, ultrapassando o patamar de 3 milhões de bpd.
O subsecretário de Inteligência, e Estatísticas de Comércio Exterior, Herlon Brandão, explicou que no primeiro semestre do ano passado houve um crescimento lento da exportação de petróleo. Mas que na segunda metade do ano o cenário mudou tornando o petróleo um "produto de destaque" nas vendas externas do país nos últimos meses.
Anteriormente, a Petrobras informou que realizou grande volume de paradas para manutenção de plataformas no primeiro semestre de 2019, comportamento que poderá se repetir nos primeiros seis meses deste ano.
(Com reportagem adicional de Roberto Samora e Gabriel Araujo, em São Paulo, e Gabriel Ponte, em Brasília)