Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - A bolsa paulista tinha uma sessão negativa nesta terça-feira, um dia após o Ibovespa renovar máxima histórica, com agentes financeiros repercutindo uma bateria de resultados corporativos, entre eles o da Petrobras, e com o movimento de realização de lucros local endossado pelo viés externo desfavorável.
Às 11:37, o Ibovespa caía 1,12 por cento, a 88.596,18 pontos. O volume financeiro somava 2,8 bilhões de reais.
O declínio vem após quatro altas seguidas, período em que o principal índice de ações do mercado brasileiro acumulou alta de quase 7 por cento. Na segunda-feira, o Ibovespa fechou a 89.598,16 pontos, nível recorde.
No exterior, os futuros acionários norte-americanos sinalizavam uma abertura negativa, em meio à cautela antes da eleição parlamentar nos Estados Unidos nesta terça-feira, que pode moldar o futuro da presidência de Donald Trump e testar suas políticas fiscais e comerciais.
"O tom mais negativo no exterior abriu espaço para realização de lucros na bolsa no Brasil", afirmou o operador Alexandre Soares, da BGC Liquidez DTVM.
Ele destacou que o mercado brasileiro segue acompanhando as movimentações do próximo governo no Brasil, na expectativa de um viés econômico mais liberal, mas que, nesta sessão, é contaminado pelo tom negativo em mercados emergentes em geral, dada a cena nos EUA e queda dos preços do petróleo.
O gestor Marco Tulli, da Coinvalores, também vê embolso de lucros, mas não descarta uma melhora durante o pregão, dada a possibilidade de investidores aproveitarem o recuo para comprar ações, em razão de expectativas favoráveis para o país com a mudança do governo em 2019.
DESTAQUES
- PETROBRAS PN (SA:PETR4) caía 2,52 por cento e PETROBRAS ON (SA:PETR3) perdia 2,8 por cento, mesmo após a petroleira de controle estatal reportar lucro líquido de 6,6 bilhões de reais no terceiro trimestre e anunciar a distribuição de 1,3 bilhão de reais em remuneração a acionistas. A equipe do Santander Brasil destacou em nota que dados operacionais não vieram tão bons quanto o esperado, mas afirmou que mantém a perspectiva positiva para a petroleira em 2019.
- MAGAZINE LUIZA (SA:MGLU3) perdia 6,87 por cento, com piora nas margens do terceiro trimestre abrindo espaço para realização de lucros nos papéis, que acumulavam até a véspera alta de mais de 100 por cento em 2018. O Morgan Stanley (NYSE:MS) avaliou que os dados de vendas continuaram sólidos, tanto em lojas físicas como online, mas disse que os mesmos foram ofuscados por pressões de margens com investimentos maiores no comércio eletrônico e resultados piores em crédito.
- KROTON (SA:KROT3) cedia 4 por cento, após forte alta na véspera, tendo no radar relatório do Morgan Stanley cortando a recomendação dos papéis para 'equal weight', com o analista Javier Martinez afirmando que não espera uma recuperação cíclica até 2020 e uma recuperação do lucro por ação até 2021.
- MARFRIG (SA:MRFG3) subia 1,52 por cento, revertendo a fraqueza da abertura, após divulgar prejuízo menor no terceiro trimestre, enquanto o desempenho operacional medido pelo Ebitda cresceu quase cinco vezes na comparação anual, para 1,055 bilhão de reais de julho a setembro. O BTG Pactual (SA:BPAC11) disse que o Ebitda e as vendas da empresa superaram as suas expectativas.
- BRADESCO PN (SA:BBDC4) caía 2,49 por cento, após ganhos fortes nas últimas sessões, em sessão de ajuste negativo no setor de bancos de modo geral, com ITAÚ UNIBANCO PN (SA:ITUB4) em baixa de 0,79 por cento. BANCO DO BRASIL (SA:BBAS3) recuava 1,13 por cento e SANTANDER BRASIL UNIT (SA:SANB11) tinha variação positiva de 0,02 por cento.
- VALE (SA:VALE3) mostrava recuo de 0,23 por cento, em sessão de fraqueza de mineradoras no exterior.