SÃO PAULO (Reuters) -A Federação Brasileira dos Bancos afirmou nesta terça-feira que o programa de renegociação de dívidas lançado pelo governo federal na véspera, o Desenrola, pode contribuir para que o crédito continue a ser concedido de forma segura e dentro das necessidades dos tomadores, mas ressaltou que sua operação exige um sistema complexo que não se baseia apenas na ação dos bancos.
"Esta complexidade exige soluções tecnológicas e digitais de grande porte, que estão em fase final de desenvolvimento e não dependem apenas de iniciativas dos bancos, mas de outros atores que também estão diretamente envolvidos", disse a entidade em nota assinada pelo seu presidente, Isaac Sidney.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciou na segunda-feira a assinatura de medida provisória instituindo o Desenrola, programa de refinanciamento de dívidas das pessoas físicas, com implementação prevista para julho. O programa incluirá apenas dívidas de até 5 mil reais inscritas até 31 de dezembro de 2022.
Promessa de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Desenrola chegou a ser previsto para fevereiro e depois para março, mas sofreu atrasos em meio a entraves com o setor privado e dificuldades técnicas.
De acordo com a Febraban, o programa está em linha com as tratativas feitas nos últimos meses em conjunto pelo governo federal e a entidade, que afirma ter se envolvido desde o início em sua concepção e desenvolvimento.
"Nos últimos meses, houve frequente interação com o ministro Fernando Haddad e o secretário de Reformas Econômicas, Marcos Pinto, em várias reuniões, nas quais foram apresentadas propostas que permitiram que o desenho inicial evoluísse para o formato anunciado", acrescentou a Febraban.
Procurado pela Reuters, o Banco do Brasil (BVMF:BBAS3) afirmou que aguarda a regulamentação do programa para formalizar sua habilitação e dar início à sua operacionalização. "O banco vai ampliar, sob o Desenrola, as soluções de renegociação de dívidas disponíveis a todos os nossos clientes", afirmou o BB.
O Bradesco (BVMF:BBDC4) afirmou que tem interesse em participar e também aguarda resolução, enquanto o Santander Brasil (BVMF:SANB11) apenas confirmou a participação no Desenrola Brasil, sem mais detalhes. O Itaú Unibanco (BVMF:ITUB4) disse que participará da iniciativa e seguirá contribuindo com ela.
Para analistas do Bradesco BBI, o programa Desenrola provavelmente terá um impacto limitado nos bancos sob a sua cobertura, mas eles afirmaram reconhecer que o programa deve ajudar algumas famílias a recuperar o acesso ao crédito, conforme relatório a clientes nesta terça-feira.
(Por Paula Arend Laier; edição Alberto Alerigi Jr. E Fabrício de Castro)