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FECHAMENTO: IBC-Br negativo e política derrubam Ibovespa; Trump alivia no exterior

Publicado 15.05.2019, 18:04
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Investing.com - A política brasileira novamente contribui para derrubada do Ibovespa em dia de otimismo no exterior. O pessimismo interno também foi impulsionado pela divulgação do IBC-Br, indicador do Banco Central que é uma espécie de prévia do PIB oficial.

O adiamento, pelo presidente dos EUA Donald Trump, da elevação de tarifas sobre automóveis importados pelos EUA impulsionou os índices na Europa e nos EUA, favorecendo papéis de empresas automobilísticas e de seus fornecedores na Europa. O aumento das taxas de importação de automóveis pelos americanos prejudica as exportações de países europeus e do Japão.

O Ibovespa recuou 0,51% a 91.623,44 pontos. O principal índice acionário brasileiro chegou ao piso de 90,3 mil pontos durante a manhã, com os negócios guiados pelos dados ruins das economias chinesa e americana. Esta aversão aos ativos de risco levou o dólar a ser cotado a R$ 4,02 no início do pregão. Mas ao longo do dia a moeda retrocedeu a alta, mas fechou próximo da barreira psicológica dos R$ 4,00, a R$ 3,9962, alta de 0,51%.

O Euro Stoxx, que reúne as principais ações da Europeu, fechou em alta 0,46% puxada pelos papéis das montadoras. Nos EUA, os três principais índices de Wall Street subiram. Dow Jones teve ganhos de 0,45%, S&P 500 avançou 0,60% e Nasdaq avançou 1,13%.

A conturbada política brasileira

Na política, uma série de acontecimentos contribui para os investidores terem cautela em relação ao governo do presidente Jair Bolsonaro de, no mínimo, conseguir aprovar a reforma da Previdência. O grande ponto de interrogação prossegue a dificuldade do governo de fazer articulações no Congresso para defender seus interesses e impor suas pautas de votação no plenário – diagnóstico presente na maioria das análises de cientistas políticos. O governo não consegue emplacar, nesta semana, a votação da Medida Provisória que reduziu o número de ministérios de 29 para 22, que vence em 3 de junho.

A convocação para o ministro da Educação explicar o contingenciamento da pasta no Congresso foi uma derrota para o governo. A justificativa do governo para redução de recursos para a educação básica e ao ensino superior é seguir as diretrizes estabelecidas pela Lei de Responsabilidade Fiscal.

No entanto, a justificativa do governo não foi suficiente para impedir manifestações contra o contingenciamento na educação. Os protestos ocorreram em 146 municípios de todos os estados brasileiros, sendo a primeira manifestação em vias públicas contrárias ao governo. Bolsonaro respondeu, em Dallas (EUA), que os manifestantes são “idiotas úteis” e “não sabem a fórmula da água”.

PIB negativo no 1º tri

Outro destaque negativo no dia foi a retração de 0,68% nos três primeiros meses do ano de acordo com IBC-Br, índice de mensuração da atividade econômica do Banco Central e considerado uma prévia do PIB. Em março, o IBC-Br teve a terceira queda mensal consecutiva, ao cair 0,28% em comparação a fevereiro, queda maior que o consenso de -0,20%.

Em relação a março de 2018, a retração é maior: 2,52%. Mas há uma alta de 1,05% no acumulado de 12 meses.

Os dados de março do IBC-Br confirmam o prognóstico do Copom de grande probabilidade de PIB negativo no primeiro trimestre, de acordo com ata da última reunião. Aumenta-se, desta forma, pressão para corte da taxa de juros, situação que o Copom sinalizou, na mesma ata, acontecer com a reforma da Previdência aprovada. O PIB oficial do 1º tri será divulgado em 30 de maio pelo IBGE.

Além disso, a revisão para baixo nas projeções do PIB para 2019 também afetam as estimativas de receita da União no ano, o que eleva a previsão de contingenciamento em meio a um Orçamento com gastos engessados, se configurando em uma bomba fiscal como indica o ministro da Economia Paulo Guedes.

Neste cenário, Guedes reivindica que o Congresso aprove uma lei complementar que permita ao governo emitir R$ 248 bilhões em títulos da dívida para pagamentos previdenciários e de programas de assistência social. Caso contrário, o governo realiza a emissão e desrespeita a Lei de Responsabilidade Fiscal – correndo risco de sofrer abertura de um processo de impeachment – ou deixa de honrar seus compromissos financeiros.

Mais uma vez, o governo é dependente de sua capacidade de se relacionar com os parlamentares. Por isso, a líder do governo, a deputada federal Joice Hasselmann (PSL-SP) chegou a propor o reinício das conversas para a construção de uma base aliada.

Ações

- KROTON (SA:KROT3) caiu 5,22%, maior declínio do Ibovespa, após divulgar recuo de 34,2% no lucro líquido ajustado consolidado do primeiro trimestre, para 318,692 milhões de reais, bem como estimativas para 2019.

- EMBRAER (SA:EMBR3) recuou 4,17%, após a fabricante brasileira de aviões ampliar o prejuízo no primeiro trimestre para 42,5 milhões de dólares, com queda na receita em suas três principais divisões.

- EQUATORIAL valorizou-se 2,59%, tendo de pano de fundo salto de mais de 200% no lucro líquido do primeiro trimestre, que somou 213 milhões de reais, impulsionado pelos ganhos da companhia no setor de transmissão.

- JBS (SA:JBSS3) avançou 2,90%, para nova máxima recorde de fechamento, a 22,01 reais, em meio a expectativas relacionadas ao surto de febre suína africana na China. A rival Marfrig (SA:MRFG3), que divulga resultado trimestral após o fechamento do mercado, caiu 2,2 por cento.

- VALE (SA:VALE3) subiu 0,76%, também entre as poucas altas do Ibovespa, acompanhando a alta dos preços do minério de ferro na China nesta quarta-feira.

- PETROBRAS PN (SA:PETR4) recuou 0,46%, mesmo com a melhora dos preços do petróleo no exterior. PETROBRAS ON (SA:PETR3) perdeu 0,70%.

- BRADESCO PN (SA:BBDC4) cedeu 1,07%, em meio ao ambiente mais negativo como um todo na bolsa e perspectivas cada vez mais desanimadoras sobre a atividade econômica no país. Mas ITAÚ UNIBANCO PN (SA:ITUB4) subiu 0,31%.

Indicadores nada animadores nada animadores no exterior

O dia teve divulgação de dados pelo mundo que ajudam no prognóstico da economia mundial. Na China, as vendas no varejo em abril atingiram o menor nível em 16 anos, desacelerando de uma alta de 8,7% para 7,2% na variação anual. A produção industrial em abril no país do urso panda também diminuiu o ritmo, de 8,5% para 5,4%. Os dois ficaram abaixo do consenso, derrubando as bolsas chinesas o que pode confirmar a tese de que o país está em processo de desaceleração, ainda mais que esses indicadores são sobre um período sem as tarifas dos EUA.

Na Europa, os números vieram dentro do consenso. A economia da zona do euro cresceu 0,4% no trimestre sobre os três meses anteriores e 1,2% na comparação anual. A expansão ocorreu com a aceleração da economia da Alemanha, que cresceu 0,4% após três meses de estagnação. Além disso, a Itália saiu de uma recessão técnica ao registrar expansão de 0,2%.

Os dados nos EUA vieram abaixo do consenso. O varejo caiu inesperadamente 0,2% em abril; a expectativa era alta de 0,2%. Já a produção manufatureira também retraiu inesperadamente 0,5% em abril, a 3º vez em 4 meses em abril. O consenso era de alta de 0,1% no período.

*Reuters contribuiu com essa matéria

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