Por Thomas Escritt
BERLIM (Reuters) - A carreira de Boris Beecker, cuja performance estrondosa lhe rendeu o apelido de "Boom Boom" quando ainda era um jovem tenista, levou-o do ápice das conquistas esportivas aos 17 anos para a prisão aos 54, e ele não tem certeza se as coisas poderiam ter sido diferentes.
"É muito difícil vencer Wimbledon aos 17 anos", disse o ex-campeão de tênis alemão antes da estreia, neste domingo, de um documentário sobre sua vida no Festival de Cinema de Berlim.
"Você tem que ser um pouco louco para cruzar a linha e fazer coisas que ninguém jamais conseguiu antes."
Um dos maiores tenistas da história, Becker venceu seis títulos de Grand Slam, mas o brilhantismo dentro de quadra foi acompanhado pela incapacidade de administrar seus negócios fora dela, o que o levou a acumular desastres pessoais, desde o vício em remédios para dormir até uma sentença de prisão.
"Você espera que os campeões mundiais em um esporte sejam como todo mundo, mas nós não somos", disse ele em entrevista coletiva. "Ter essa mentalidade... na vida real isso é um problema."
"Boom! Boom! The World vs. Boris Becker", de Alex Gibney é o trabalho de um fã declarado, misturando destaques da quadra com entrevistas com um elenco estelar de grandes nomes do tênis, incluindo o atual número um Novak Djokovic, Ion Tiriac, o romeno que o descobriu, e os rivais John McEnroe e Bjorn Borg.
"Eu gosto do Boris porque, ao contrário de muitos atletas, ele é um grande contador de histórias", disse Gibney. Para transmitir esse senso de drama, o diretor imaginou o filme como um "docu-faroeste", disse ele, estabelecendo pontos de correspondência com a música de Ennio Morricone.