Investing.com - A agência de risco Fitch cortou a nota de crédito da Embraer (SA:EMBR3) para BB+, de BBB-. A revisão da nota veio após a Boeing encerrar a negociação para a aquisição da brasileira, em um acordo global para comercializar as aeronaves e o cargueiro militar KC-390.
Para a Fitch, o fim da parceria com a Boeing pesa sobre o fluxo de caixa e as métricas financeiras da empresa para o período de 2020-2022.
A agência ainda cortou a pespectiva de 'positiva' para 'negativa', refletindo a nova realidade do mercado internacional de aviação, cuja demanda afundou com as restrições de movimentação e fechamento de fronteiras para combate do novo coronavírus. Nos cálculos da Fitch, a Embraer deverá queimar até US$ 1 bilhão neste ano até adequar sua estrutura de custos ao novo cenário.
Entre as preocupações da Fitch está o desenvolvimento do modelo E2, que deverá ser impactado pela redução dos pedidos no longo prazo.
Somente neste ano, as entregas de jatos comerciais deverá cair 50%, enquanto os modelos executivos verão uma redução de 15%-20%, com recuperação no próximo ano.
Nas contas da Fitch, a margem EBIT da Embraer deverá ficar negativa em cerca de 1% neste ano, com retomada para 4,6% em 2021 e 5,8% em 2022.
A dívida líquida/Ebitda deverá subir para 11,0x neste ano, com recuo para 4,2x e 3,8x nos próximos dois anos. Em 2018, o indicador estava em 2,0x.
Caso a Embraer consiga reduzir o indicador para 3,5x em 2021, a Fitch poderá revisar sua perspectiva para 'estável' e o retorno do grau de investimento somente com nível abaixo de 2,5x.
Novos downgrades poderão ocorrer se aéreas cancelarem muitos pedidos dos E1 e E2, atraso e aumento de custo com o KC-390 e uma queda da nota soberana do Brasil, entre outros.