Por Gabriel Codas
Investing.com - As ações do Fleury (SA:FLRY3) operam com forte desvalorização nesta sexta-feira na B3, acima das perdas do Ibovespa nesta tarde. A companhia anunciou ontem, após o fechamento do mercado, que teve lucro líquido de R$ 58,7 milhões entre janeiro e março, queda de 36,6% ante mesma etapa de 2019. O resultado também veio abaixo da previsão média de analistas consultados pela Refinitiv, de R$ 72,65 milhões para o período.
A rede de clínicas de medicina diagnóstica já acusou os primeiros efeitos da pandemia do coronavírus, embora tenha alertado para grandes oportunidades de ganho de receita e de produtividade com a regulamentação da telemedicina.
Assim, por volta das 12h59, os ativos tinham perdas de 3,31% a R$ 20,15, com mínima em R$ 19,50. O Ibovespa registrava perdas de 1,51% a 77.817 pontos.
Visão dos analistas
O BTG Pactual (SA:BPAC11) permanece neutra em Fleury, após uma redução tão forte no SSS em março, as perspectivas para o segundo trimestre são muito desafiadoras, com mais de 40% de suas unidades ainda fechadas (e o restante operando com turnos reduzidos). A equipe incorporoi essa nova perspectiva, aproveitando a oportunidade para aparar nossas previsões de receita, levando-nos a reduzir o preço-alvo para R$ 22 (de R$ 33), o que também reflete o novo custo de capital do Brasil.
O UBS destaca que nos primeiros dias do surto de COVID-19, o Fleury entrou no modo de "crise", fortalecendo seu balanço patrimonial para se preparar para os tempos difíceis à frente. Assim, não surpreende, na opinião do banco, que em cerca de duas semanas de restrição social o impacto nos resultados. Para a equipe, como o contágio inicial se concentrou no mercado de Fleury e as medidas de bloqueio se intensificaram em abril, devemos ver uma tendência consideravelmente pior daqui para frente.
Balanço
A receita líquida do período até cresceu 1,9% ano a ano, para 713,9 milhões de reais, mas em ritmo inferior ao das despesas operacionais, de 9,7%, para 78,9 milhões de reais.
Segundo o Fleury, as medidas de isolamento social provocaram queda abrupta da demanda, o que resultou em menor eficiência de custos e despesas fixas, com perda de eficiência.
O resultado operacional medido pelo lucro antes de impostos, juros, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) encolheu 16,7%, para 195,9 milhões de reais. A margem Ebitda diminuiu 6 pontos percentuais, para 27,4%.
Em contrapartida, a empresa afirmou que identificou grandes oportunidades de crescimento de serviços digitais, como a de telemedicina, que foi regulamentada para tratamento da Covid-19 e que a empresa avalia que será mantida após o final da crise de saúde.
“É um caminho sem volta. Em cerca de um mês somamos mais de 2 mil médicos cadastrados, oriundos de 24 Estados”, afirmou a empresa no balanço.