Alfonso Fernández.
Washington, 3 jul (EFE).- O Fundo Monetário Internacional (FMI) pediu nesta terça-feira aos Estados Unidos que ajam para "impulsionar a recuperação" diante dos riscos que representam as tensões financeiras na zona do euro e a ameaça do agudo ajuste fiscal planejado para começos de 2013.
"É necessária uma ação política contínua para impulsionar a recuperação", declarou a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, em entrevista coletiva. "Percebemos que as autoridades americanas têm uma margem de ação limitada, mas deveriam utilizá-la para apoiar o crescimento no curto prazo".
A entrevista coletiva de Lagarde foi realizada por ocasião da apresentação do relatório anual do FMI sobre a economia americana, documento que prevê a continuidade da tendência "tímida" do crescimento nos EUA ao longo dos próximos dois anos.
O Fundo rebaixou levemente suas últimas previsões econômicas para os EUA, publicadas em abril, de 2,1% para 2% em 2012 e de 2,4% para 2,3% em 2013. No ano passado, a economia americana cresceu a um ritmo anual de 3%.
No âmbito doméstico, o FMI advertiu os Estados Unidos para que "alcance um acordo sobre a política fiscal a curto prazo e evite assim um severo ajuste que poderia ameaçar a recuperação".
Se os legisladores americanos não pactuarem um ritmo sustentado de consolidação fiscal, ocorrerá em 2013 o chamado "precipício fiscal" pelo vencimento da prorrogação das isenções fiscais para a maioria dos americanos e a aplicação de agudos cortes de gastos públicos para reduzir o déficit fiscal.
Este "precipício fiscal", tal como está pautado atualmente, representaria um corte fiscal de 4% do Produto Interno Bruto (PIB), algo que, segundo os cálculos do Fundo, poderia reduzir a taxa de crescimento anual da economia americana abaixo de 1% anual para 2013.
Por isso, Lagarde recomendou que este processo de consolidação fiscal seja "sensato, e não excessivo", e sugeriu uma redução do déficit para 2013 em torno de 1% do PIB.
A diretora-gerente do FMI também alertou sobre os riscos procedentes da Europa e sua "vulnerabilidade ao contágio" de uma hipotética intensificação da crise da dívida na zona do euro.
"Uma menor demanda na zona do euro reduziria as exportações americanas, enquanto a apreciação do dólar em consequência de fluxos em direção a refúgios seguros danificariam de maneira mais geral as exportações americanas", explica o relatório divulgado nesta terça-feira.
Neste sentido, Lagarde avaliou positivamente a última decisão do Federal Reserve (Fed, banco central americano), que maneja a política monetária e que ampliou seu programa de troca de bônus para manter baixas as taxas de juros de referência a longo prazo.
A diretora do FMI reconheceu que a política monetária expansiva do Fed é "apropriada", com taxas de juros entre 0% e 0,25% desde dezembro de 2008, mas lembrou que a entidade deve considerar "medidas adicionais caso a situação se deteriore".
O organismo internacional, com sede em Washington, quase não prevê uma variação da taxa de desemprego nos EUA, uma das principais preocupações dos cidadãos. De acordo com o relatório, o desemprego no país fechará 2012 nos 8,2% atuais e cairá apenas três décimos até o final de 2013, encerrando aos 7,9%.
Por último, o documento destaca a importância de executar "o mais rápido possível" a reforma do sistema financeiro nos Estados Unidos e aplicar o marco regulador de vigilância de riscos, conhecida como "Lei Dodd-Frank". EFE