Por Ben Klayman e Paul Lienert
DETROIT, Estados Unidos (Reuters) - A Ford Motor (NYSE:F) (SA:FDMO34) mais que dobrou a quantia que planeja investir em veículos elétricos (EVs) e autônomos, para 29 bilhões de dólares, apesar de ter sofrido prejuízo líquido de 2,8 bilhões de dólares no quarto trimestre.
A segunda maior montadora norte-americana, que anunciou em janeiro que vai parar de produzir no Brasil neste ano, também afirmou que a escassez global de chips pode levar a uma queda de 10% a 20% na produção do primeiro trimestre, resultando em um impacto potencial no lucro operacional de 1 bilhão a 2,5 bilhões de dólares.
Os resultados e a expectativa de desempenho para este ano, divulgados na noite da véspera ficaram acima das expectativas de Wall Street e impulsionavam as ações da montadora nesta sexta-feira para uma alta de 2,7% às 12h50 (horário de Brasília).
"Se os EVs continuarem ganhando mercado rapidamente, especialmente com clientes comerciais, queremos deixar claro que não cederemos terreno para ninguém", disse o vice-presidente financeiro da Ford, John Lawler, a jornalistas.
A Ford disse que dobrou a aposta em veículos elétricos conectados e que vai investir 22 bilhões de dólares em eletrificação até 2025, quase o dobro do que havia estimado anteriormente.
A companhia também vai investir 7 bilhões de dólares no desenvolvimento de tecnologia de direção autônoma ao longo até 2025 – sendo 5 bilhões de 2021 em diante.
"Estamos acelerando todos os nossos planos", disse o presidente-executivo da Ford, Jim Farley. A montadora tem trabalhado para aumentar capacidade de bateria e em adição de mais veículos elétricos no portfólio.
A rival norte-americana General Motors (NYSE:GM) (SA:GMCO34) disse prevê investimento de 27 bilhões de dólares em veículos elétricos e autônomos até 2023, um total que não inclui os híbridos. A GM planeja oferecer 30 EVs globalmente até 2025 e tem como meta superar as vendas anuais de 1 milhão de EVs nos Estados Unidos e na China até 2025.
Para 2020, a Ford registrou prejuízo líquido de 1,3 bilhão de dólares. A empresa havia afirmado que esperava um lucro anual entre 600 milhões e 1,1 bilhão.
A Ford teve prejuízo no quarto trimestre de 2,8 bilhões de dólares, ou 0,70 dólar por ação, em comparação com perda de 1,7 bilhão, ou 0,42 dólar por ação, um ano antes. O trimestre incluiu vários encargos divulgados anteriormente relacionados a um recall, a reavaliação de pensões e o encerramento das operações de produção da empresa no Brasil.
Excluindo as despesas, o lucro operacional da Ford foi de 0,34 dólar por ação, superando facilmente o prejuízo de 0,07 dólar esperado por analistas, segundo dados da Refinitiv.
A Ford estimou que o lucro operacional vai crescer de 8 bilhões para 9 bilhões de dólares em 2021, em comparação com 2,8 bilhões no ano passado. O analista do Credit Suisse, Dan Levy, disse em nota que a previsão está acima das expectativas de Wall Street, de 6,9 bilhões de dólares.
Em 2020, atingida pela pandemia, a receita total da Ford caiu para 127 bilhões de dólares, contra 156 bilhões em 2019.
A Ford encerrou o trimestre com quase 31 bilhões de dólares em caixa e 47 bilhões em liquidez, em comparação com quase 30 bilhões e mais de 45 bilhões, respectivamente, no trimestre anterior.
A margem operacional no quarto trimestre foi de 4,8%, em comparação com uma meta de 8% para o ano inteiro.