Trump leva luta contra o Fed a nível sem precedentes com tentativa de demitir diretora
Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - O mercado de fundos de investimento nas cadeias produtivas agroindustriais (Fiagro) poderá ver "chance" para alguns "follow-on" por volta do início de 2026, após o segmento ter sido atingido por inadimplências no ano passado, avaliou o diretor de investimentos da Suno Asset, Vitor Duarte.
Em entrevista à Reuters, ele disse ainda que algumas narrativas de que haveria uma crise no agronegócio brasileiro parecem "exageradas", e que os problemas que atingiram os Fiagros no ano passado estão ficando para trás.
Agora ainda não é "saudável" emitir novas cotas dos Fiagros, mas uma retomada é esperada para breve.
"Já tem alguns vários meses sem problemas e tem voltado... Diria que no final do ano, início do ano que vem, eu acho que os fundos listados vão ter chance de fazer seus follow-on", comentou.
Duarte disse que demora um pouco para o mercado ter "consciência" de que o problema não mais afeta os Fiagros, que enfrentam uma seca de follow-on desde o ano passado.
"Os Fiagros da Faria Lima tomaram uma inadimplência porque se posicionaram em produtores alavancados no ano passado, (mas) este ano estão com carteira OK", destacou.
No caso da Suno, destacou o executivo, o Fiagro da gestora teve "zero" de inadimplência.
O patrimônio líquido dos Fiagros listados no Brasil apresentava alta de 6% em junho de 2025 em relação ao mesmo mês do ano passado, somando cerca de R$6 bilhões, de acordo com dados compilados pela empresa de tecnologia em finanças Quantum Finance.
Por meio do instrumento, pessoas físicas podem participar do investimento no agronegócio, enquanto empresas do setor utilizam o fundo como uma fonte de financiamento.
Além do Fiagro da Suno, com R$608 milhões de patrimônio integralizado e 120 mil investidores, a empresa também atua como gestora do FIDC Agro Paraná, que tem o objetivo de financiar o agronegócio do Estado.
"A gente está começando a fazer as operações de crédito agora", disse ele, após a Suno ter sido selecionada pelo governo do Estado como gestora mais cedo este ano.
Duarte disse que a companhia também está interessada em participar como gestora de outros Fiagros estaduais, como um já anunciado por Goiás, após ter sido vencedora no processo paranaense, que inclui o modelo de "blended finance", que conta também com recursos públicos.
"Isso foi inédito... os outros Estados gostaram bastante. Tem bastante gente estudando para copiar, pra levar essa solução para os produtores de outros Estados também."
PARECE EXAGERO
Questionado sobre impactos da inadimplência rural no balanço do Banco do Brasil (BVMF:BBAS3), Duarte comentou que isso seria uma "notícia velha", apontando a origem do problema na safra 2023/24, quando as margens estiveram apertadas diante da queda de safra pelo clima adverso, em um período em que o setor ainda lidava com custos altos dos fertilizantes.
"Eu preciso sublinhar... não há uma crise no agro, os produtores mais alavancados é que tiveram problemas para honrar os seus compromissos", comentou. Ele disse acreditar que, no caso do Banco do Brasil, outros fatores podem ter influenciado os resultados, não apenas questões sobre inadimplência.
Já a safra 2024/25, na qual o Brasil colheu um recorde de grãos, teve preços de insumos mais "estabilizados", o que traz confiança para 2025/26, comentou.
"Não tenho elementos pra duvidar que o agro vai continuar bem. Esta coisa de crise no agro é uma narrativa que me parece exagerada", ressaltou, levando em conta mesmo questões relacionadas ao tarifaço de Donald Trump.
Ele citou, por exemplo, que o preço do café, um dos produtos do agronegócio taxados pelos EUA, disparou --um aspecto compensatório para os cafeicultores que sofrem com as tarifas.
(Por Roberto Samora)