Por Marta Nogueira
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Petrobras (SA:PETR4) reduzirá o preço médio da gasolina em suas refinarias em 8% a partir de quarta-feira, levando o valor cobrado pela estatal das distribuidoras de combustíveis para menos de 1 real por litro, apontaram informações da petroleira estatal e cálculos da Reuters.
No acumulado do ano, a Petrobras já reduziu em cerca de 50% o valor médio da gasolina nas refinarias, para cerca de 0,99 real por litro, diante de um tombo do petróleo e de seus derivados no mercado internacional em meio a medidas contra o coronavírus.
Enquanto isso, o preço médio da gasolina cobrado nos postos de combustíveis do Brasil recuaram apenas 9% em 2020 até a semana passada, para 4,149 reais por litro, segundo pesquisa de preços realizada pela agência reguladora ANP.
O diesel da estatal, por sua vez, terá seu valor reduzido pela Petrobras em 6% nas refinarias a partir de quarta-feira, acumulando um recuo de cerca de 35% no ano, segundo cálculos da Reuters. Já nas bombas, o recuo no ano atingiu apenas 12%.
Vale lembrar que o repasse de ajustes dos combustíveis nas refinarias para o consumidor final nos postos não é imediato e depende de diversos fatores, como consumo de estoques, impostos, margens de distribuição e revenda e mistura de biocombustíveis.
No entanto, sindicatos de revendedores têm acusado distribuidoras de represar os cortes praticados pela Petrobras.
Uma maior dificuldade para postos e distribuidoras se desfazerem de estoques acumulados com preços mais altos, em meio à redução do consumo, também ajuda a entender a situação.
RETRAÇÃO DE PREÇOS
A decisão da Petrobras por novos cortes ocorre após uma queda neste ano de cerca de 55% do preço do petróleo Brent, referência internacional, devido a uma contração da demanda internacional por energia, diante de medidas de combate à pandemia de Covid-19.
Acordo recente entre grandes países produtores para um corte histórico de oferta ainda é visto como insuficiente para eliminar preocupações relacionadas à destruição de demanda causada pela pandemia.
"A gente teve o fechamento do acordo da Opep na quinta-feira e o preço do mercado não reagiu mais, então acho que ela (Petrobras) achou que era a hora de reduzir... ela viu que a retomada (dos preços) não seria tão rápida", disse o chefe da área de óleo e gás da consultoria INTL FCStone, Thadeu Silva.
Os cortes de preços da petroleira estatal refletem a política que segue o princípio da paridade de importação, que leva em conta preços no mercado internacional mais os custos de importadores, como transporte e taxas portuárias, com impacto também do câmbio. No entanto, a empresa tem evitado repassar volatilidade ao mercado interno.