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SÃO PAULO (Reuters) - Os governadores de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina enviaram nesta quarta-feira carta para o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, pedindo postergação de decisão sobre pedidos de redução tarifária para kits de peças para montagens de veículos.
A Câmara de Comércio Exterior analisa nesta quarta-feira pedidos da montadora BYD (SZ:002594) para redução temporária do imposto de importação envolvendo kits SKD e CKD para montagem de veículos elétricos. Os pedidos foram feitos no início do ano e duramente criticados por montadoras rivais.
Os Estados dos governadores que assinam a carta abrigam fábricas de uma série de montadoras, incluindo Toyota, Volkswagen (ETR:VOWG), Stellantis (NYSE:STLA), General Motors (NYSE:GM), Renault (EPA:RENA), Nissan (TYO:7201), Honda (TYO:7267) e BMW.
O documento foi divulgado cerca de duas semanas depois que os presidentes no Brasil das quatro primeiras enviaram carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva em que afirmam que um eventual "incentivo à importação de veículos desmontados para serem acabados no país" colocará em risco investimentos do setor no Brasil.
A BYD criticou nesta quarta-feira, em comunicado à imprensa, a postura das rivais, comparando-as a "dinossauros" que "acabaram de ver um meteoro no céu", citando que consumidores no Brasil há décadas são "obrigados a pagar caro por tecnologia e design preguiçoso".
Segundo a montadora chinesa, que está construindo uma fábrica de veículos em Camaçari (BA), o pedido de redução temporária do imposto de importação sobre SKDs e CKDs vem na "lógica de que não faz sentido aplicar o mesmo nível de tributação sobre veículos 100% prontos trazidos do exterior e sobre veículos que são montados no Brasil".
"Outras montadoras já adotaram a mesma prática antes de terem a produção completa local", acrescentou a BYD, citando que está finalizando a primeira etapa das obras de sua fábrica na Bahia.
No pedido desta quarta-feira, assinado por Tarcísio de Freitas, Cláudio Castro, Romeu Zema, Eduardo Leite, Carlos Massa Ratinho Junior e Jorginho Mello, os governadores afirmam que o pleito da BYD exige "reflexão cuidadosa e diálogo", citando que "a substituição da produção local por montagens de kits importados com baixo valor agregado tende a comprometer empregos, fragilizar fornecedores nacionais e enfraquecer a política industrial".
Os governadores também pedem diálogo com os Estados fabricantes de veículos antes de uma tomada de decisão sobre uma eventual redução do imposto de importação sobre SKD e CKD.
(Por Alberto Alerigi Jr., edição Michael Susin)