Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou nesta terça-feira que o governo federal pode considerar um novo contrato de aquisição de doses da vacina contra Covid-19 CoronaVac se o imunizante obtiver o registro definitivo junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
"O contrato (com o Instituto Butantan) foi feito em regime emergencial. Esperamos que a Anvisa conceda registro definitivo. No momento que a Anvisa conceda o registro definitivo, o ministério considera essa ou qualquer outra vacina com registro definitivo para fazer parte do Programa Nacional de Imunização", disse Queiroga a jornalistas em Brasília.
O governo federal fez dois contratos com o Butantan, responsável pelo envase da vacina de origem chinesa no Brasil, para aquisição de um total de 100 milhões de doses da CoronaVac, já entregues. Existia a possibilidade de um terceiro acordo, para mais 30 milhões de doses, mas as negociações não foram adiante. Queiroga tem repetido que não comprará a vacina sem o registro definitivo.
A autorização para uso emergencial das vacinas foi dada pela Anvisa pelo período que durar a decretação de estado de pandemia no país, que deve se encerrar no final deste ano. A partir de então, apenas poderão ser usadas vacinas com registro definitivo na agência.
Atualmente, somente as vacinas contra Covid-19 da Pfizer (NYSE:PFE) (SA:PFIZ34)e da AstraZeneca (LON:AZN) (SA:A1ZN34)têm registro definitivo na Anvisa.
Recentemente o presidente do Butantan, Dimas Covas, disse que a obtenção do registro definitivo da CoronaVac, desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac (NASDAQ:SVA), é uma decorrência e que será feito quando os dados sobre o imunizante forem consolidados. Ele não deu um prazo para que isso ocorra. A Anvisa deu autorização para uso emergencial para a CoronaVac em janeiro deste ano.
Queiroga disse ainda que o governo está trabalhando no planejamento da vacinação contra Covid-19 em 2022 e conta com a previsão de 100 milhões de doses de vacinas da Pfizer, que devem chegar até o final de ano, mais 30 milhões do imunizante da Johnson & Johnson (NYSE:JNJ) (SA:JNJB34) --que ainda não tem o registro definitivo mas já fez o pedido à Anvisa-- e com a produção nacional da vacina da AstraZeneca, que está sendo feita pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A CoronaVac não foi incluída nessa lista.
"Na realidade todos os países do mundo não sabem ainda ao certo qual é a melhor estratégia, mas temos alguns caminhos que estamos discutindo com o grupo técnico", disse o ministro.
A expectativa, de acordo com especialistas, é que seja necessária uma dose de reforço para todos os vacinados, além da inclusão de crianças na lista de vacinação. A Pfizer, por exemplo, já pediu nos Estados Unidos a autorização para aplicação em crianças entre 5 e 11 anos.
A China já autorizou a aplicação da CoronaVac em crianças e adolescentes e o Butantan, vinculado ao governo do Estado de São Paulo, fez um pedido à Anvisa neste sentido, mas ele foi recusado pelo órgão regulador que afirmou que os dados apresentados eram insuficientes para aprovar a solicitação.