Por Mateus Maia e Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) - O secretário de Desestatização e Desburocratização do Ministério da Economia, Salim Mattar, afirmou nesta quarta-feira que a intenção do governo do presidente Jair Bolsonaro é reduzir, no momento oportuno, a participação acionária de fundos de pensão de estatais e do BNDESPar na Vale (SA:VALE3), movimento considerado por ele como uma "reprivatização" da mineradora.
"Então, para a nossa reflexão, talvez a gente tenha que melhorar o aspecto de desestatização reduzindo um pouco a presença desses fundos nessas empresas, de forma que essa empresa pudesse ser mais privada e que não tivesse interferência do governo", disse Mattar, em entrevista, após participar de um evento em Brasília.
Os fundos de pensão Previ (Banco do Brasil (SA:BBAS3)), Petros (Petrobras (SA:PETR4)) e Funcef (Caixa) integram a Litel, que tem participação de cerca de 21 por cento na Vale.
"Você lembra que a Vale foi privatizada há uns anos atrás, né? Não, não foi. A Vale é uma estatal... Os fundos de pensão, patrocinados pelo Estado, detêm o controle da Vale, a Vale não foi privatizada. E nós estamos aqui para poder privatizar a Vale, reprivatizar a Vale", disse o secretário.
A Vale já está colocando em prática, desde 2017, um plano para pulverizar o bloco de controle atual da companhia, que está previsto para ser finalizado até novembro de 2020. A medida tem como foco aprimorar a governança e afastar a possibilidade de interferências do governo federal.
Mattar explicou que essa redução da presença dos fundos não se daria agora, porque o valor de mercado da companhia caiu em razão do rompimento da barragem em Brumadinho (MG) que vitimou mais de 300 pessoas entre mortos e desaparecidos.
"O BNDES tem ações da Vale, essas ações foram compradas em um momento e eu diria para você o seguinte: não há horizonte para venda das ações da Vale. As ações estão no pior momento de venda", disse. "Não faz sentido no BNDES vender ações da Vale neste momento", completou.
A ação da Vale operava em alta de mais de 3 por cento no início da tarde desta quarta-feira.
O secretário disse que os governos anteriores eram "muito estatistas", pois, em sua opinião, não bastava que a estatal fosse totalmente da União, ainda havia a Caixa Econômica Federal, o Banco do Brasil e o BNDES que compravam as ações dessas empresas.
"Então o que estamos dizendo é o seguinte: esse governo veio para desestatizar, então é natural que num período de tempo essas ações sejam vendidas... Tem que descobrir o momento correto para se desfazer dessa carteira e aplicar esse dinheiro naquilo que é melhor, educação, saúde e segurança", afirmou.
Durante o evento, o secretário reafirmou que o governo não vai privatizar o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal e a Petrobras, mas destacou que elas devem ficar mais enxutas após vendas de subsidiárias.
Mattar destacou ainda que a meta para 2019 é a venda de 20 bilhões de dólares em ativos da União, conforme já havia afirmado o ministro da Economia, Paulo Guedes, mês passado em Davos, na Suíça.