Por Rodrigo Viga Gaier
RIO DE JANEIRO (Reuters) - O governo Michel Temer decidiu deixar o processo de análise da venda da divisão comercial da Embraer (SA:EMBR3) para a norte-americana Boeing para o candidato que sair vitorioso nas eleições deste domingo, afirmou o ministro da Defesa, Joaquim Silva e Luna, à Reuters, nesta sexta-feira.
Segundo Luna, a operação de venda da principal divisão da Embraer para a Boeing será apresentada ao presidente que será eleito no próximo do domingo para se tentar viabilizar a formalização do negócio o mais breve possível.
O ministro afirmou que as tratativas entre brasileiros e americanos entraram em ponto morto por conta do processo eleitoral e a expectativa é que haja uma aceleração nas negociações após domingo.
"O acordo Embraer e Boeing deu uma parada, ficou no ponto que estava antes e não houve evolução, e até parou de se conversar sobre ele por conta do período eleitoral", disse Luna. "Mas não significa que não vai sair", acrescentou.
Luna tinha afirmado no final de agosto que o governo Temer aprovaria neste ano o negócio, mas que preferia esperar a eleição passar para não contaminar o processo eleitoral.
A Embraer assinou em julho um memorando de entendimento com a Boeing para formação de joint venture que vai envolver a área de aviação comercial da fabricante brasileira. O documento avalia as operações de aviação comercial da companhia brasileira em 4,75 bilhões de dólares. A Boeing terá 80 por cento da companhia resultante da transação, uma parcela avaliada em 3,8 bilhões de dólares.
O candidato do PT à Presidência da República, Fernando Haddad, afirmou no final de setembro que tentará reverter a venda da divisão comercial da Embraer se for juridicamente possível. Já o candidato do PSL, Jair Bolsonaro, tem se mostrado favorável à parceria das empresas.
Segundo Luna, nas próximas semanas o negócio deverá ser apresentado à equipe de transição do governo. "Seguramente a equipe de transição vai ser chamada para conversar sobre o acordo e a ideia é expor todo o acordo com clareza e total transparência. Isso vai ser logo", afirmou o general da reserva.