SÃO PAULO (Reuters) - O Grupo Pão de Açúcar (SA:PCAR4) (GPA) lançou nesta terça-feira uma campanha de redução de preços com tom fortemente emocional para tentar fidelizar clientes, no momento em que o país mergulha numa das maiores recessões de suas história.
Num projeto incluindo negociações com fornecedores e que envolverá todas as bandeiras do grupo, a maior varejista do país fará uma campanha agressiva de marketing para tentar mostrar ao público que "está ao lado do consumidor", disse o presidente-executivo do GPA, Ronaldo Iabrudi.
Batizada de #vamojunto, a campanha vai incluir oferta de preços menores para itens incluindo desde alimentos até eletroeletrônicos, com promoções e parcelamento de pagamentos em algumas unidades da rede.
O grupo não informou as metas de vendas que pretende com a campanha e o vice-presidente de Operações do GPA, Líbano Barroso, prometeu que, mesmo com a campanha, vai entregar aos investidores os resultados prometidos, incluindo margens.
O anúncio vem na esteira de uma série de sinais mostrando deterioração adicional da economia brasileira, que já vem num ciclo prolongado de baixa atividade econômica.
Pouco antes do anúncio do GPA, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) havia informado que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil encolheu 1,7 por cento de julho a setembro contra o período imediatamente anterior, número pior que o esperado e mais fraco que o esperado.
Na véspera, a associação que representa os supermercados, Abras, informara que as vendas reais do setor recuaram 1,56 por cento em outubro no comparativo anual, e previu que o segmento terá em 2015 a primeira contração desde 2006.
O próprio GPA havia apontado um prenúncio desse quadro ao revelar no fim de outubro que teve um inesperado prejuízo no terceiro trimestre, com fraco crescimento das vendas e queda das margens, num cenário de aumento do desemprego.
"Temos clareza do cenário desafiador que temos pela frente e os sinais indicavam que devíamos fazer algo diferente", disse Iabrudi nesta terça-feira.
Sem revelar a duração da campanha, Barroso disse que ela deve durar o "tempo necessário para reverter esse quadro".
Também nesta terça-feira, a empresa de pesquisa Nielsen divulgou levantamento mostrando que consumidores da classe C, que concentraram o aumento do consumo no país nos últimos anos, estão mais endividados e estão cortando itens supérfluos, priorizando alimentos e produtos de necessidade básica.
(Por Aluísio Alves)