Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa acentuou as perdas nesta sexta-feira, com agentes financeiros voltando para uma realidade de incertezas sobre o rumo fiscal do país, enquanto ganha força a percepção de que o quem comandará a Fazenda terá um perfil político.
Às 15:57, o Ibovespa caía 2,8%, a 108.695,91 pontos, com quase todas as ações da sua composição no vermelho.
O volume financeiro somava 14,2 bilhões de reais, afetado pelo fechamento antecipado de Wall Street, ainda em razão do feriado do Dia de Ação de Graças, que voltou a reduzir a liquidez na bolsa paulista.
Em evento em São Paulo nesta sexta-feira, o ex-ministro Fernando Haddad, apontado na mídia como favorito do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva para assumir a Fazenda, afirmou que não foi convidado para o ministério.
Em evento da Febraban, ele também afirmou que a determinação clara de Lula é dar prioridade à reforma tributária no início do governo e que acredita que o diálogo permitirá um denominador comum para solucionar a questão da PEC da Transição.
A afirmação sobre a Fazenda não convenceu, enquanto o tom generalista do discurso do ex-prefeito de São Paulo decepcionou aqueles que esperavam uma sinalização mais rigorosa do ponto de vista fiscal.
Para Luis Novaes, analista na Terra Investimentos, o fato de ele ter sido escolhido por Lula para ser seu porta-voz em um evento de grande repercussão para o mercado financeiro foi visto como um sinal claro de que há uma significativa possibilidade de ele ser o próximo ministro da Fazenda.
"E essa é uma escolha que não agrada o mercado por ser um nome, sobretudo, político", acrescentou. "As pautas que o mercado vê com maior importância poderiam ser postas em um plano secundário, tendo em vista a visão do ministro. Portanto, a reação nesse primeiro momento é negativa."
Na visão de Alfredo Menezes, gestor e sócio da Armor Capital, o discurso de Haddad decepcionou. "Ele foi supérfluo sobre responsabilidade fiscal e o mercado esperava algo mais forte", acrescentou.