SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa afundava quase 3% nesta sexta-feira, tocando mínimas desde maio, em meio à forte queda de Vale (SA:VALE3) na esteira do tombo dos preços do minério de ferro da China, mas também pressionado por fatores domésticos que afiançavam movimentos de realização de lucros após quatro meses seguidos de alta.
Por volta de 15:50, o Ibovespa caía 2,8%, 122.158,23 pontos. No pior momento, chegou a 121.977,03 pontos. O volume financeiro somava 22,7 bilhões de reais.
Com tal desempenho, o Ibovespa acumulava uma perda de 2,3% na semana e de 3,7% no mês - a primeira queda em cinco meses. Nos quatro meses anteriores, contabilizou uma alta de 15%.
No cenário brasileiro, repercutia mal entrevista do presidente Jair Bolsonaro a uma rádio voltando a citar uma eventual manutenção do auxílio emergencial bem como aumento do Bolsa Família, com temores de que o governo assuma um viés mais populista conforme registra queda em pesquisas.
Fontes também afirmaram à Reuters que o governo federal planeja incluir um vale-gás na reformulação dos programas sociais que será anunciada no mês de agosto para compensar os reajustes recordes do combustível.
O dólar avançava mais de 2% ante o real e as taxas dos contratos de DI mostravam acréscimos relevantes.
De pano de fundo, persistem preocupações com o comportamento da inflação no país, cada vez mais distante do centro da meta definida pelo Banco Central, com perspectivas para a taxa básica de juros Selic no final do ano chegando a 7% conforme a mais recente pesquisa Focus.
As ações da Vale recuavam 4,6%, afetadas pelo tombo dos contratos futuros do minério de ferro na Ásia nesta sexta-feira, pressionados pela decisão da China de reduzir a produção de aço e pela diminuição na demanda doméstica pelo material de construção e manufatura.
(Por Paula Arend Laier)