Por Peter Frontini
SÃO PAULO (Reuters) - Em mais uma sessão de alta volatilidade, o Ibovespa avançou e atingiu o maior nível de fechamento semanal da história, com papéis de bancos e da JBS sustentando a alta do índice, enquanto novos desdobramentos na guerra comercial EUA-China prejudicaram o viés positivo.
O Ibovespa subiu 0,46%, a 104.817,40 pontos. O volume financeiro somou 22,3 bilhões de reais. Na semana o índice teve a quarta alta consecutiva, de 1,27%.
O bom humor nos mercados internacionais no início desta sexta-feira, diante de sinais de progresso nas negociações comerciais entre Estados Unidos e China, foi anulado quando a delegação asiática encurtou sua viagem a solo norte-americano, cancelando visita a áreas agrícolas do Estado de Montana.
Em Wall Street, o S&P 500 não segurou a alta e fechou em queda de 0,5%, em sessão também marcada pelo "vencimento quádruplo" - quando expiram índices futuros, opções sobre índices, opções sobre ações e contratos futuros de ações.
O descolamento do Ibovespa em relação aos índices de Wall Street ocorre principalmente com o mercado doméstico ainda absorvendo o impacto positivo da reunião do Copom na última quarta-feira, apontou Bruno Madruga, responsável pela área de renda variável da Monte Bravo Investimentos.
No cenário nacional, o governo anunciou um desbloqueio adicional de 12,459 bilhões de reais nas despesas orçamentárias, conforme relatório bimestral de receitas e despesas divulgado pelo Ministério da Economia.
Para a próxima semana, agentes do mercado devem ficar atentos à divulgação da ata da reunião do Copom na terça-feira, além do relatório trimestral de inflação, divulgado na quinta-feira.
DESTAQUES
- BRASKEM saltou 5,3%, maior alta da sessão, após notícia de que a Odebrecht está contratando a Lazard para retomar o processo de venda de sua participação na petroquímica.
- JBS ON (SA:JBSS3) subiu 4,25%, tendo de pano de fundo o cenário ainda positivo para a demanda externa, particularmente da China, diante dos problemas envolvendo o surto de peste suína africana. Estrategistas do Itaú BBA incluíram os papéis da empresa em seu TOP 5, enquanto analistas do Morgan Stanley (NYSE:MS) reiteraram recomendação 'overweight'. No setor, MARFRIG ON (SA:MRFG3) avançou 4,46%.
- BANCO DO BRASIL ON (SA:BBAS3) valorizou-se 1,6%, após forte perda na véspera, em dia de melhora para os bancos do Ibovespa, com BRADESCO PN (SA:BBDC4) fechando em alta de 1,8% e ITAÚ UNIBANCO PN encerrando a sessão com avanço de 0,3%.
- BANCO PAN PN, que não está no Ibovespa, despencou 6,6%, após precificar na véspera sua oferta de ações a 8,25 reais por papel preferencial, pouco mais de 8% abaixo do valor de fechamento da quinta-feira. A oferta com distribuição primária e secundária movimentou 1,04 bilhão de reais.
- PETROBRAS PN (SA:PETR4) perdeu 1,1%. A petrolífera deu início à fase vinculante referente à venda da totalidade das participações da empresa em quatro campos de exploração e produção terrestres na Bahia. PETROBRAS ON (SA:PETR3) subiu 0,3%.
- VALE ON (SA:VALE3) subiu 0,21%, apesar de nova queda nos contratos futuros do minério de ferro na China. A Polícia Federal também indiciou sete funcionários da Vale e seis da consultoria TÜV SÜD pelos crimes de falsidade ideológica e uso de documentos falsos em processo sobre o rompimento de barragem em Brumadinho (MG).
- ELETROBRAS PNB (SA:ELET6) e ELETROBRAS ON (SA:ELET3) recuaram 5,4% e 5,8%, respectivamente, entre os destaques negativos da sessão. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), afirmou na quinta-feira que não há um clima favorável e que o governo não conta com uma base sólida para aprovar a privatização da elétrica.
- KLABIN UNIT (SA:KLBN11) e SUZANO (SA:SUZB3) ON caíram 0,8% e 3,3%, respectivamente, também perto da ponta negativa do Ibovespa.