O Ibovespa sobe nesta quarta-feira, 8, e defende a marca dos 105 mil pontos registrada meia hora após a abertura (104.227,93 pontos). O avanço destoa do movimento visto em Nova York, onde os índices futuros têm instabilidade, com taxas próximas a zero, em meio a dúvidas sobre o quão alto os juros nos Estados Unidos ficarão.
"A alta é puxada basicamente pelos juros futuros taxas em queda. Tem a reunião do Copom à frente dias 21 e 22, tem a expectativa de anúncio dos novos diretores do Banco Central", diz André Luzbel, head de renda variável da SVN Investimentos. "A dúvida é se o Roberto Campos Neto presidente do BC se dobrará ao governo cortando os juros ou se manterá a taxa. Se cortar muito, soará ruim ao mercado", completa Luzbel.
O ganho do Ibovespa ainda é atribuído a uma recuperação do indicador após quedas recentes, a sinais de entrada de recursos de investidores, especialmente de estrangeiros, ao recuo dos juros futuros e a perspectivas de avanço fiscal. Vem crescendo no mercado a possibilidade de declínio da taxa Selic, que hoje está em 13,75% ao ano.
"Entrou um pouco de fluxo de estrangeiro, e o mercado está à espera da divulgação da nova âncora fiscal. O cenário ainda está mais calmo diante da redução das críticas do governo ao Banco Central. Não adianta pedir corte dos juros, isso acontece naturalmente", avalia Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença.
Na segunda-feira, os investidores estrangeiros ingressaram com R$ 556,204 milhões na B3 (BVMF:B3SA3), após alguns dias de saídas. Em março, aportaram R$ 189,539 milhões na bolsa. No acumulado de 2023, o capital externo está positivo em R$ 11,059 bilhões.
Monteiro ainda acrescenta a chance de crescente de antecipação de queda da Selic como fator a estimular alta do Ibovespa. Para a LCA Consultores, isso tende a acontecer, mas está na dependência de algumas questões. "Definições de política econômica a serem anunciadas, se ajudarem a moderar incertezas, poderiam abrir espaço para uma antecipação da queda da Selic", cita em nota.
Em Nova York, hoje saíram novos dados de emprego, mostrando força da atividade, elevando a possibilidade de um Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) duro em suas decisões sobre juros.
Na terça-feira, o presidente do Fed, Jerome Powell, no Senado, reforçou expectativas por aperto monetário mais agressivo nos EUA, o que ampliou apostas de juros acima de 5,5% até o final do ano e provocou aversão a risco nos mercados. O Ibovespa fechou em queda de apenas 0,45%, aos 104.227,93 pontos, um compasso de espera pelo anúncio do novo arcabouço fiscal. Já em Nova York, as bolsas caíram acima de 1%.
O dirigente do Fed volta a falar hoje, na Câmara, devendo repetir o discurso da véspera, ficando, assim, o foco na parte de perguntas e respostas.
Como destaca em nota a LCA Consultores, nas últimas semanas têm aumentado as apostas de que o Fed, depois de desacelerar o ritmo de elevação de juros para 0,25 ponto porcentual na reunião de política monetária de fevereiro, poderá acelerar a velocidade para meio ponto no encontro deste mês.
No Brasil, os investidores acompanham eventuais sinais sobre as novas regras fiscais. Segundo a LCA, março promete ser um mês de definições. A consultoria lembra que o governo avançou na reoneração dos combustíveis e vem acenando com a apresentação do novo arcabouço fiscal antes da reunião do Copom deste mês.
No campo corporativo, a Gol (BVMF:GOLL4) encerrou o quarto trimestre de 2022 com prejuízo líquido recorrente de R$ 381,6 milhões, montante 47,1% menor do que a perda vista em igual período do ano anterior. Já o lucro líquido foi de R$ 230,9 milhões no último trimestre de 2022, revertendo prejuízo de R$ 2,8 bilhões do quarto trimestre de 2021. As ações da empresa subiam 11,77% às 11h31.
O Ibovespa tinha alta de 1,67%, na máxima aos 105.968,45 pontos. As ações da Vale (BVMF:VALE3) avançavam 1,02%, em dia de aumento do minério de ferro, em Dalian, na China, de 0,83%. Petrobrás avançava 2,07% (PN) e 1,54% (ON), apesar do recuo do petróleo no exterior.