Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O principal índice da Bovespa chegou a disparar 6 por cento nesta sexta-feira e caminhava até o momento para o maior ganho semanal desde 2008, com investidores reagindo à nova fase da Lava Jato envolvendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Às 10:49, o Ibovespa subia 4 por cento, a 49.081 pontos.
Na máxima até o momento, o índice de referência do mercado acionário brasileiro superou os 50 mil pontos, renovando patamar máximo intradia desde agosto de 2015.
O volume financeiro no pregão era de 1,9 bilhão de reais.
A nova fase da operação Lava Jato cumpre mandados de busca e apreensão e condução coercitiva contra Lula para apurar possíveis crimes de corrupção e lavagem de dinheiro do esquema Petrobras (SA:PETR4).
"Sem dúvida, essas notícias têm sido positivas para a expectativa de mudanças econômicas", destacou o gestor Marcello Paixão, sócio da administradora de recursos Constância NP.
Operadores no mercado citavam continuidade de desmontagem e cobertura de posições vendidas, principalmente em papéis com participação estatal, como Petrobras e Banco do Brasil (SA:BBAS3).
Na véspera, expectativa de nova fase da Lava Jato e reportagem da revista IstoÉ dizendo que o senador Delcídio do Amaral (PT-MS) teria feito acordo de delação premiada já haviam impulsionado o mercado.
No mercado financeiro, notícias potencialmente desfavoráveis para o governo tendem a repercutir positivamente, uma vez que favorecem apostas de troca no comando do país, com chance de mudança nos cenários político e econômico.
Em nota a clientes, o Credit Suisse acrescenta que, além do fator político, a alta em preços de commodities e a relativa força de moedas de emergentes contribuem para sustentar a tendência doméstica de alta.
DESTAQUES
- BANCO DO BRASIL saltava 15 por cento, também contagiado pelas expectativas relacionadas ao cenário político, em movimento acompanhado por outros bancos, com ITAÚ UNIBANCO em alta de 6,66 por cento e BRADESCO PN avançando 8,2 por cento.
- PETROBRAS tinha as preferenciais disparando 16 por cento e as ordinárias com salto de 11,3 por cento, reagindo ao noticiário da Lava Jato e tendo como pano de fundo alta dos preços do petróleo no mercado internacional.
- ELETROBRAS, que não está no Ibovespa mas também é contagiada pela euforia que impulsiona papéis de estatais, subia 8,56 nas ações ordinárias e 5,95 por cento nas preferenciais, respectivamente.
- VALE mostrava as preferenciais de classe A com ganho de 8,3 por cento e as ações ordinárias valorizando-se 9,3 por cento, na esteira do viés positivo na Bovespa e tendo como suporte nova alta dos preços à vista do minério de ferro. Também no radar estava notícia de que o Conselho de Administração se reunirá em abril para discutir nova política de dividendo.
- USIMINAS (SA:USIM5) voltava a disparar, com ganho de 22 por cento nas preferenciais, ainda sob efeito de cobertura de posições vendidas.
- CETIP (SA:CTIP3) ganhava 1,79 por cento, após a maior central de custódia e depositária de títulos e valores mobiliários da América Latina anunciar que o lucro de outubro a dezembro somou 128 milhões de reais, alta de 8,9 por cento sobre um ano antes. O papel, contudo, segue influenciado pelas expectativas sobre potencial fusão com a BM&FBovespa (SA:BVMF3).
- LOCALIZA avançava 7,84 por cento, com resultado trimestral no radar, que mostrou lucro líquido de 105,9 milhões de reais no quarto trimestre para a empresa de gestão de frotas e aluguel de veículos, alta de 3,6 por cento sobre um ano antes.
- QUALICORP subia 13,5 por cento, conforme agentes financeiros repercutiam reportagem do jornal Valor Econômico, afirmando que a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) vai restringir a venda de planos coletivos empresariais de assistência médica.
- GAFISA (SA:GFSA3), que não está no Ibovespa, subia 2,44 por cento, após a incorporadora reportar queda anual de 90 por cento no lucro do quarto trimestre, para 827 mil reais.
- FIBRIA desabava 13 por cento, em meio à queda no setor de papel e celulose e outros setores que tendem a se beneficiar da depreciação da taxa de câmbio, conforme o dólar recuava fortemente ante o real neste pregão.
(Por Paula Arend Laier)