Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa buscava se sustentar no azul nesta segunda-feira, em meio a perspectivas de atuação de bancos centrais a fim de frear o efeito negativo da disseminação do surto do novo coronavírus no ritmo da atividade econômica global, mas dúvidas sobre o cenário prospectivo mantinham a volatilidade nos negócios.
Notícias corporativas também repercutiam na bolsa paulista, com Hypera (SA:HYPE3) disparando com aquisição de portfólio de medicamentos, enquanto CVC Brasil (SA:CVCB3) desabava após reportar indícios de erros em suas demonstrações financeiras.
Às 12:29, o Ibovespa subia 0,74 %, a 104.940,49 pontos. O volume financeiro somava 9,277 bilhões de reais.
A alta vem após o Ibovespa fechar fevereiro com queda acumulada de mais de 8%, com forte declínio na última semana do mês em razão da apreensão com a rápida disseminação do COVID-19 para vários países além da China, incluindo Estados Unidos. No Brasil, dois casos foram confirmados.
Para o estrategista Dan Kawa, da TAG Investimentos, parte relevante da reação reflete perspectiva de atuação dos BCs, mas também, no curto-prazo, ajuste técnicos, uma vez que alguns indicadores haviam ficado muito negativos, o que, em geral, costuma indicar chance de alguma recuperação, mesmo que pontual.
"Continuo esperando um ambiente de elevada volatilidade e pouca tendência, até que tenhamos uma claridade maior em relação ao cenário prospectivo", afirmou no Twitter nesta segunda-feira.
Após sinalizações do chairman do Federal Reserve na sexta-feira de que "usaria suas ferramentas e atuaria conforme apropriado para apoiar a economia", o presidente do banco central do Japão disse nesta segunda-feira que tomará as medidas necessárias.
O vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), Luis de Guindos, afirmou que os bancos centrais globais têm mantido conversas sobre o impacto do surto de coronavírus.
Em Wall Street, o S&P 500 caía 0,07%, depois de subir mais cedo.
Estratégias de renda variável para março compiladas pela Reuters sugerem expectativas de manutenção de volatilidade e cautela na bolsa brasileira em razão principalmente do efeito do surto de coronavírus na economia global, mas também não descartam eventuais oportunidades de compra.
Preocupações com a desaceleração baseiam uma visão negativa no curto prazo pela equipe da BB Investimentos, que, no entanto, avalia que eventuais oportunidades de compra podem surgir com notícias positivas em relação ao declínio de novos casos e/ou desenvolvimento de vacina.
DESTAQUES
- HYPERA disparava 14,6%, após a farmacêutica anunciar acordo com a japonesa Takeda Pharmaceutical International para comprar portfólio de 18 medicamentos de prescrição e isentos de prescrição (OTC) na América Latina por 825 milhões de dólares.
- CVC BRASIL ON despencava 13,5%, tendo de pano de fundo comunicado da operadora de turismo de que constatou indícios de erros em sua contabilidade, que se confirmados poderão significar ajustes contábeis significativos nos resultados reportados pela companhia.
- VALE ON (SA:VALE3) avançava 2,6%, na esteira da forte alta do preço de minério de ferro na China, com estoques em queda nos portos indicando que as usinas siderúrgicas têm elevado o apetite pelo material e aumento de expectativas de que a China divulgue novas medidas de estímulo à economia.
- PETROBRAS PN (SA:PETR4) subia 2%, acompanhando a elevação dos preços do petróleo no mercado externo.
- ITAÚ UNIBANCO PN e BRADESCO PN (SA:BBDC4) recuavam 0,7% e 0,1%, respectivamente, com o setor bancário descolado da melhora geral do mercado. BANCO DO BRASIL ON (SA:BBAS3) cedia 0,5%.
- GPA (SA:PCAR4) ON caía 9%, no primeiro pregão após migração das ações do varejista para o Novo Mercado da B3. A companhia passa a negociar apenas com papéis ordinários.
- AES TIETÊ UNIT, que não está no Ibovespa, disparava 22,4%, após a Eneva (SA:ENEV3) enviar à geradora controlada pela norte-americana AES proposta de combinação de negócios entre as companhias que criaria uma "gigante no setor de geração" no Brasil. ENEVA ON subia 5,5%.[nL1N2AV0A1]
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