Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - A bolsa paulista retomou o viés positivo nesta terça-feira, após a correção na véspera, embalada por dados de atividade nos Estados Unidos e Europa melhores do que o esperado, além de fala do presidente norte-americano, Donald Trump, reafirmando que o acordo comercial com a China permanece em vigor.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa fechou em alta de 0,67%, a 95.975,16 pontos, tendo alcançado 97.485,59 pontos na máxima da sessão. O volume financeiro alcançou 26,35 bilhões de reais.
Nos EUA, as vendas de novas moradias mostraram crescimento acima do esperado em maio, de 16,6%, enquanto a atividade empresarial teve contração abaixo do previsto, com o Índice de Gerentes de Compras (PMI) preliminar Composto melhorando para 46,8.
Antes disso, dados na zona do euro também mostraram sinais de recuperação da atividade.
Em Wall Street, o S&P 500 subiu 0,43% e o Nasdaq Composite subiu 0,74%, para nova máxima histórica.
Também trouxe alívio aos negócios o tuíte de Trump de que o acordo comercial EUA-China segue "totalmente intacto" após o assessor da Casa Branca Peter Navarro adicionar forte volatilidade ao afirmar que o acordo estaria "acabado".
"Esse breve momento de caos lembrou aos mercados que a guerra comercial está longe de terminar e poderia retornar a qualquer momento", disse o analista Milan Cutkovic, da AxiCorp.
Na visão de Cutkovic, investidores parecem menos preocupados com o aumento de novas infecções por coronavírus no mundo. "Embora o aumento em novos casos seja um pouco preocupante, o risco de um segundo bloqueio é visto como baixo", afirmou.
Em relação à bolsa paulista, o estrategista Daniel Gewehr, do Santander Brasil (SA:SANB11), destacou que, após a forte recuperação desde o fim de março, o indicador técnico do Ibovespa revela que ele está ligeiramente abaixo da zona neutra, a 98.000 pontos.
Além disso, acrescentou, a sensibilidade ao CDS sugere que o Ibovespa, em dólar, está próximo ao seu valor justo, de acordo com a correlação histórica (-0,80).
Gewehr ressaltou, contudo que, "apesar dessas duas métricas implicarem um mercado lateralizado no curto prazo, mantemos o viés positivo no médio/longo prazo, dado que a menor Selic de todos os tempos deve continuar a aumentar a realocação de ativos para ações, além de permitir múltiplos mais altos".
Do pondo de vista de análise gráfica, o Ibovespa também segue em tendência de alta no curto prazo, de acordo com a equipe do Itaú BBA, citando que o índice precisa superar a região de resistência em 97.700 pontos para continuar a trajetória de alta rumo aos 102.300 e 108.800 pontos.
O Banco Central divulgou a ata da reunião da semana passada, quando cortou a Selic a 2,25%, e avaliou que o país já estaria próximo do limite efetivo mínimo para a taxa Selic, a partir do qual novos cortes seriam contraproducentes.
DESTAQUES
- GOL (SA:GOLL4) PN disparou 10,86%, entre as maiores altas. O presidente-executivo da empresa, Paulo Kakinoff, afirmou que tem recursos em caixa para honrar dívida de 300 milhões de dólares que vence em agosto, mas negocia opções para atenuar este impacto em estratégia para preservar seu caixa durante a pandemia. Também afirmou que as negociações com o BNDES e bancos privados para uma linha bilionária de financiamento seguem avançando e que podem atingir um acordo em breve, mas não deu detalhes. AZUL PN (SA:AZUL4) avançou 9,06%.
- BTG PACTUAL (SA:BPAC11) UNIT subiu 3,25%, dando sequência ao avanço da véspera, quando anunciou oferta bilionária de units, que prevê a alocação dos recursos para acelerar o crescimento da sua plataforma de varejo digital. Os papéis ainda tiveram de pano de fundo relatório do UBS elevando o preço-alvo das units, de 54 para 92 reais, e reiterando a recomendação de 'compra, além de anúncio de que o Credit Suisse assinou acordo para comprar até 35% do banco digital modalmais.
- B3 ON avançou 3,87%, em meio a perspectivas favoráveis para o volume transacionado em suas plataformas. Apenas no segmento Bovespa, a média diária de volume financeiro em junho alcança mais de 35 bilhões de reais até o dia 22, de 26 bilhões de reais em todo o mês de maio e 29 bilhões de reais na média em 2020.
- PETROBRAS PN (SA:PETR4) e PETROBRAS ON (SA:PETR3) valorizaram-se 3,34% e 2,93%, respectivamente, apesar da queda dos preços do petróleo no mercado externo.
- BRADESCO PN (SA:BBDC4) fechou com variação negativa de 0,14%, enquanto ITAÚ UNIBANCO PN terminou com decréscimo de 1,32%. O BC anunciou medidas para incentivar as instituições financeiras a conceder até 272 bilhões de reais em novos empréstimos, mirando especialmente empresas de menor porte, que têm ficado desassistidas em meio à grave crise econômica provocada pela pandemia de coronavírus.
- VALE ON (SA:VALE3) fechou com acréscimo de 1,07%, com o setor de mineração e siderurgia no azul, com USIMINAS PNA (SA:USIM5) em alta de 10,34% e GERDAU PN (SA:GGBR4) subindo 1,91%. CSN ON (SA:CSNA3) evoluiu 2,34%. No radar dados de maio sobre os distribuidores de aço plano sinalizando recuperação em relação a abril, mas abaixo dos níveis de 2019.
- IRB BRASIL (SA:IRBR3) RE ON recuou 4,96%, após subir nos últimos três pregões, sendo que apenas na segunda-feira teve valorização de quase 16,5%. O papel permanece com o pior desempenho entre as ações do Ibovespa em 2020, em meio a uma série de adversidades envolvendo a resseguradora.
- CPFL (SA:CPFE3) ENERGIA ON caiu 3,32%, em sessão negativa para o setor elétrico. A Aneel aprovou nesta terça-feira condições para viabilizar empréstimos de cerca de 16 bilhões de reais a distribuidoras de eletricidade em razão dos impactos financeiros do coronavírus no setor. O texto final, porém, não trouxe proposta pela qual as distribuidoras poderiam registrar provisoriamente em seus balanços ativos financeiros setoriais referentes aos impactos econômicos da Covid-19.