Ibovespa recua 2% pressionado por bancos; Raízen desaba

Publicado 19.08.2025, 17:17
Atualizado 19.08.2025, 18:21
© Reuters.

Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em forte queda nesta terça-feira, com bancos entre as maiores pressões de baixa, reflexo de ruídos desencadeados pela decisão do ministro Flávio Dino, do STF, de que leis e decisões estrangeiras não se aplicam a brasileiros no Brasil, enquanto Raízen voltou a desabar.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa fechou em baixa de 2,1%, a 134.432,26 pontos, tendo marcado 133.996,87 pontos na mínima e 137.321,13 pontos na máxima do dia. O volume financeiro somou R$22,4 bilhões.

De acordo com o sócio e advisor da Blue3 Investimentos Willian Queiroz, o mercado teve um dia bem agitado, com novidades do embate Brasil-Estados Unidos, notadamente a decisão de Dino, que "acendeu o alerta dos bancos brasileiros" pelo risco de serem cortados do sistema de bancos internacional.

A decisão de Dino na véspera atendeu a um pedido do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) para que municípios brasileiros não possam propor ações na Justiça de outros países. Mas pode afetar a aplicação da Lei Magnitsky, dos EUA, que o Departamento de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC, na sigla em inglês), órgão do Tesouro norte-americano, acionou para impor sanções ao ministro Alexandre de Moraes, do STF.

Na prática, qualquer movimento dos bancos brasileiros com base nas regras envolvendo o OFAC precisaria ser aprovado pelo STF, explicou o diretor de um grande banco. Mas descumprir uma decisão do OFAC, para o sistema financeiro, significaria ser banido do relacionamento internacional, acrescentou.

Queiroz, da Blue3, afirmou que o mercado está buscando entender os potenciais desfechos dessa decisão e prefere vender ações na falta de perspectiva entre uma negociação mais eficiente entre Brasil e EUA. Ele avalia também que há investidores buscando realizar algum eventual lucro.

DESTAQUES

- BANCO DO BRASIL ON (BVMF:BBAS3) desabou 6%, enquanto ITAÚ UNIBANCO caiu 3,05%, BRADESCO PN (BVMF:BBDC4) cedeu 3,43%, SANTANDER BRASIL UNIT (BVMF:SANB11) perdeu 4,88% e BTG PACTUAL (BVMF:BPAC11) UNIT recuou 3,48%. Uma decisão do ministro Flávio Dino, do STF, de que leis e decisões estrangeiras não se aplicam a brasileiros no Brasil, adicionou incertezas dado o potencial reflexo na aplicação da Lei Magnitsky, colocando os bancos em uma encruzilhada -- obedecer a Justiça brasileira ou sanções determinadas por órgão do Tesouro norte-americano.

- RAÍZEN PN (BVMF:RAIZ4) afundou 9,57%, após a Petrobras afirmar no final da segunda-feira que não há qualquer projeto ou estudo de investimento em etanol ou distribuição com a empresa, uma joint venture entre Shell (NYSE:SHEL) e Cosan. Na véspera, a notícia de que a estatal estudava investir na Raízen serviu como argumento para um repique nos papéis após renovarem mínimas na semana passada, quando acumularam um tombo de mais de 16% na esteira de prejuízo bilionário. O Citi também cortou a recomendação dos papéis para "neutra". COSAN ON (BVMF:CSAN3) caiu 6,41%.

- PETROBRAS PN (BVMF:PETR4) fechou em baixa de 1,05%, acompanhando a fraqueza dos preços do petróleo no exterior, onde o barril do Brent terminou com declínio de 1,22%. No setor, BRAVA ENERGIA ON recuou 5,24%, PETRORECONCAVO ON perdeu 3,36% e PRIO ON (BVMF:PRIO3) terminou transacionada com queda de 1,97%.

- VALE ON (BVMF:VALE3) encerrou com variação positiva de 0,08%, tendo como pano de fundo a queda dos futuros do minério de ferro na China com perspectiva de piora da demanda por restrição à produção de aço. O contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian encerrou as negociações do dia com queda de 0,64%, a 771 iuanes (US$107,35) a tonelada.

- MINERVA ON (BVMF:BEEF3) avançou 2,93%, entre as poucas altas do dia, com JBS (BVMF:JBSS3), que é listada nos EUA, subindo 0,94%. Ainda no setor, MARFRIG ON (BVMF:MRFG3) registrou acréscimo de 0,17%.

- XP (BVMF:XPBR31), também listada nos EUA, despencou 8,57% mesmo após lucro líquido de R$1,32 bilhão no segundo trimestre, alta de 18% em relação ao mesmo período do ano passado, em resultado recorde. No segundo trimestre, a XP registrou uma captação líquida total de R$10 bilhões, bem menor do que os R$32 bilhões no mesmo período de 2024 e dos R$24 bilhões nos primeiros três meses do ano.

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